Bancos de leite humano trabalham com déficit constante no estoque…

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Cinco anos contados em tentativas, frustrações e expectativa. O tempo entre o planejamento e a chegada de João Pedro já não tinha sido fácil. A luta pela vida do filho, contudo, estava apenas começando para a gerente de projetos Geórgia Barbosa, 41, e o marido. João nasceu prematuro, com menos de 1,5 kg, e passou um mês internado em uma UTI Neonatal. O mesmo tempo que já havia ensinado paciência à família resignificou para eles o que é ajuda. Graças a uma corrente de doadoras de leite humano, João cresce saudável, aos 6 anos, multiplicando o orgulho dos pais.

O leite materno é imprenscindível para o bebê prematuro. Neste ano, 4,4 mil mulheres doaram o líquido para os bancos de leite humano de Pernambuco. O número pode até parecer alto, mas não é. O estado é o segundo em doadoras no Nordeste. O Ceará, primeiro no ranking nordestino, teve três vezes mais mulheres. Mais de 5,9 mil litros de leite foram coletados em Pernambuco desde janeiro deste ano. Mesmo assim, todos os nove bancos de leite humano funcionando no estado operam com média de 25% de décifit na demanda.

“O desafio de captar doadoras é constante. Precisamos de mulheres sadias, voluntárias, dispostas a doar um tempo de si para salvar vidas”, lembra a pediatra e coordenadora do Banco de Leite Humano do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Vilneide Braga-Serva. Somente na instituição, são 50 leitos de UTI Neonatal e mais 18 leitos para atender demanda externa. O déficit atual é de 17%.

Continua…

Um dos maiores desafios enfrentados pelos bancos é manter a média de doações da semana mundial de aleitamento materno, ocorrida em agosto. “O estoque aumenta, mas a partir do mês seguinte geralmente começa a baixar”, explica a pediatra e coordenadora da Política Estadual de Aleitamento Materno, Andrea Zacchê.

Dos nove bancos no estado, apenas um funciona em hospital particular. Além da demanda própria, muitas vezes o serviço público é sobrecarregado também por essa demanda. Transformando a captação de doadoras uma corrida coletiva pela vida. A dona de casa Kethury Redilamar, 29, decidiu abdicar de alguns minutos do tempo pós-parto para doar leite. “Não demanda muito tempo. É uma força, um apoio a outras mães”, salienta.

Com o estresse sofrido no pós-parto, Geórgia não conseguiu estimular a mama para produzir uma quantidade grande de leite. “Percorria a cidade em busca de doadoras. A minha felicidade era abrir a janela e ver o refrigerador lotado. Só pensava na saúde do meu filho. Depois que você passa, vê como faz sentido aquela frase ‘leite é vida’”. O esforço no passado é compensado hoje em dia. João Pedro só precisou tomar antibióticos duas vezes na vida. No ano passado, foi uma das poucas crianças a não faltar a escola nem um dia.

Introdução de alimentos requer cuidados

Três em cada 10 crianças menores de 2 anos, no Brasil, já tomaram refrigerante. E mais da metade delas já foi apresentada a bolachas e biscoitos. “As células de gordura se formam até os dois anos de idade, então a alimentação desse período é determinante. Os resultados aparecerão a médio e longo prazo”, esclareceu a coordenadora estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, Rijane Barros.

Em Pernambuco, os Bancos de Leite Humano fazem parte de uma rede de instituições com profissionais capacitados também para orientar as mães na introdução de outros alimentos após os seis meses de aleitamento exclusivo. Atualmente, 13 unidades são cadastradas com o selo Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Ministério da Saúde a maternidades que cumprem os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno.

DPA cada três anos, elas são reavaliadas. Entre as exigências, está a proibição de oferta de leite industrializado e mamadeiras, chupetas e bicos. Atualmente, os profissionais de saúde de todo o estado estão em treinamento, previsto na Estratégia Amamenta e Alimenta, para repassar orientações sobre o aleitamento e a introdução de outros alimentos a partir dos seis meses durante todo tipo de consulta nas unidades básicas de saúde.

“Percebeu-se que muitas crianças estavam desenvolvendo obesidade, hipertensão e colesterol alto em função da má alimentação. A estratégia visa orientar a família”, esclareceu a coordenadora das ações de aleitamento materno do Recife, Lúcia Trajano. As próximas oficinas de capacitação dos profissionais acontecerão em novembro. Cerca de 120 pessoas já foram treinadas para serem tutoras. Das 13 Regionais de Saúde do Estado, duas ainda receberão as oficinas. (Diário de Pernambuco)