A primeira rodada de pesquisas do Datafolha e do Ibope, completadas nesta segunda dia 15, mostram que Bolsonaro lidera com uma enorme folga às pesquisas de intenção de votos. Em torno de 18 a 20 pontos nos levantamentos, de acordo com levantamentos dos institutos como IPESPE/XP, DATAFOLHA, IBOPE. Embora a vantagem seja enorme, e faltem poucos dias para a eleição, muita água ainda pode rolar até lá. No entanto, parte da mídia já considera improvável que Fernando Haddad vire o jogo, embora às declarações nesse sentido sejam dadas com cautela para não interferir no pleito eleitoral. Passados quase dez dias do primeiro turno, a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad não diminui o que pode deixar o candidato do PSL longe dos debates, e isto, é uma tática eleitoral, embora Bolsonaro tenha em mãos uma proibição médica de participar no momento deles, devido o atentado sofrido no último dia 6 de setembro.
Em 1998, Fernando Henrique Cardoso faltou em diversos debates para não ter que entrar em confronto direto com o então candidato petista, Luís Inácio da Silva e com o seu ex-colega de partido Ciro Gomes. Os dois já tinham um acordo para cobrar de FHC os feitos e erros de seu governo que se iniciou em 1995. Antes, na sua eleição de primeiro turno, FHC já tinha faltado em vários debates. Chegamos ao ano de 2002 e Lula participou de todos os debates do primeiro turno, mas no segundo turno contra o tucano José Serra compareceu apenas em um debate: O da Rede Globo. Desde este ano, o candidato não pergunta diretamente ao outro candidato, mas responde perguntas de eleitores indecisos. Serra passou todo o segundo turno cobrando a presença de Lula nos debates de segundo turno em vão. Lula não foi. Em 2006, o então candidato Lula já tinha garantido sua ida ao segundo turno, evitou ir aos debates do primeiro turno para não se confrontar com a então candidata do PSOL, Heloísa Helena. No segundo turno, contra Alckmin foi a todos. Não alterou o resultado para Alckmin, pelo contrário, piorou.
Essa velha tática de se ausentar dos debates televisivos é uma ideia antiga de marqueteiros e utilizada por todos que lideravam às pesquisas de intenção de votos. Jair Bolsonaro não está estreando essa tática. E embora a cobrança de Haddad seja enorme, ele deverá ser confrontado em apenas um ou dois debates. Há pessoas na campanha do candidato do PSL que defende que ele não vá em nenhum debate. No entanto, Bolsonaro deve participar de dois até o momento: O da Rede Record de televisão no próximo domingo dia 21 e o da Rede Globo no dia 26. Tem o debate da Band marcado para o próximo dia 19 que ainda é uma incógnita. Eu arrisco o palpite de quem Bolsonaro irá ou no da Record e Globo,ou tal como fez Lula, vai apenas no da Globo.
A vantagem de Jair Bolsonaro o deixa numa posição confortável e a ida aos debates poderá ter três caminhos: Não se sair bem, e perder votos. Se sair bem e manter votos, ou se sair bem e aumentar os votos. Geralmente o que ocorre é de se sair até bem, mas isso nada interfere nas pesquisas de intenção de votos. O único que conseguiu aumentar sua vantagem indo para os debates foi Lula, em 2006. Alckmin conseguiu a proeza de ir ao segundo turno com mais votos e perde-los no primeiro turno. Um debate entre Bolsonaro e Haddad seria ótimo, para os indecisos. Embora Haddad esteja com sangue nos olhos para enfrentar Bolsonaro, este ainda pode fazer algumas perguntas indesejadas ao petista, que podem sim, atrapalhar o ex-prefeito de São Paulo e fazer com que ele ao invés de ganhar votos, perca. E o motivo é um só: Os votos de Jair Bolsonaro são consolidados em sua maioria (94%). (Silvinho Silva)