Eram 20h da última quarta-feira (14) quando a socióloga e vereadora da Câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL Marielle Franco fez, em sua página no Facebook, uma transmissão ao vivo de uma roda de conversa de mulheres negras onde falava sobre o fortalecimento da mulher negra, favelada, periférica em um espaço de resistência e luta. Poucas horas depois, quando voltava do encontro, foi silenciada. Um carro se aproximou do veículo em que ela estava com o motorista e um ocupante disparou vários tiros. Ela e o condutor morreram na hora. Uma assistente que estava com eles escapou com vida.
Com o assassinato da vereadora, muito ativa na luta pelos direitos humanos, a pauta defendida por ela “ecoou” e protestos são organizados em várias capitais para denunciar o crime. No Recife, o protesto contra a #execução de Marielle Franco será realizado nesta quinta-feira (15), às 16h, na Câmara dos Vereadores. O evento ocorrerá também em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Florianópolis, Natal, Salvador e Rio de Janeiro.
Marielle havia assumido há duas semanas a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Michel Temer para conter a escalada da violência. Na última terça-feira (13), um dia antes de ser assassinada, ela havia denunciado o homicídio de um jovem pela Polícia Militar do Rio.
A vereadora era contra a intervenção federal na segurança pública da cidade e chegou a dizer que a intervenção militar era uma farsa ligada a cúpula da segurança pública, PMDB e indústria do armamentismo. “Como poderíamos imaginar que iriam silenciar ela. Muito medo desse golpe, dessa intervenção militar, dessa violência do patriarcado. Esses tiros foram nela, mas atingiram a cada uma de nós”, comentou a doula Suzanne Miranda, na transmissão feita por Marielle.