Por: Vandeck Santiago
O repórter da TV Globo Francisco José poderia ter sido, numa projeção otimista, prefeito do Recife, ou então, em projeção pessimista, pelo menos candidato. Ele foi convidado para disputar a eleição por um dos grandes partidos do estado na época, mas recusou. Isso aconteceu em 1988, e a história me foi contada pouco tempo depois do convite pelo deputado líder do partido que o queria no palanque.
Ele já era um repórter nacionalmente reconhecido, e protagonizara um ano antes, em 25 de setembro de 1987, um episódio marcante: durante assalto a uma agência do Banco Econômico, em Boa Viagem, os assaltantes fizeram reféns, entre os quais uma mulher grávida. Ele se ofereceu para ficar no lugar dela. Os bandidos aceitaram a troca na hora. Há uma cena assustadora do ato: os assaltantes saindo encapuzados da agência, de armas em punho, empurrando os reféns, Francisco José à frente. No final, graças a Deus, tudo acabou bem. Os assaltantes acabaram presos e nenhuma de suas vítimas foi ferida.
Lembro dessa história, agora, ao ver a romaria que se está fazendo à casa do apresentador Luciano Huck, para que ele concorra à Presidência da República. Em momento de descrédito na política, ele pode representar “o novo”, o camarada que não foi tocado pela contaminação que estamos acompanhando dia a dia.
Quero crer que o apresentador seja uma pessoa inteligente e com experiência suficiente para saber que quem bate à sua porta com uma ficha de filiação dizendo “você é o cara” está querendo aproveitar-se de sua popularidade como celebridade da TV. Talvez até imaginando que sua candidatura não seria para ganhar, e sim para atrapalhar este ou aquele candidato, e de quebra conseguir fazer uma boa bancada de deputados. Huck sabe também que o convite não é para uma nomeação, é para uma eleição.
Continua…