Por Magno Martins – O primeiro debate, ontem, pela Band, entre os candidatos ao Planalto teve de tudo, menos propostas para o País. Estas, com exceção, saíram do candidato do PDT, Ciro Gomes. Além de apresentar saídas para a economia, saúde e educação, Ciro indicou que seu programa de Governo estava disponível em suas redes sociais.
Ciro também foi contundente quando provocado a falar sobre seus adversários. Lula tentou uma abordagem simpática, acenando com uma aliança com o PDT e cobrando que Ciro “não viajasse a Paris desta vez”. Ciro subiu o tom: “Lula se deixou corromper mesmo”, “Bolsonaro não veio de Marte, mas da devastadora crise econômica que Lula e o PT deixaram”, afirmou.
Ciro também não amenizou para Bolsonaro, “uma pessoa sem coração, que corrompeu todas as suas mulheres e os filhos”.
Principal alvo de todos os candidatos, Bolsonaro chamou Lula de “ex-presidiário”, enalteceu a “responsabilidade fiscal” e jogou luzes em sua mulher, Michele, isca para mulheres e evangélicos.
Fez um ataque grosseiro, absurdo, à adversária Simone Tebet e à jornalista Vera Magalhães. Para um candidato que lidera os índices de rejeição e sofre tanta resistência do eleitorado feminino, um destempero que pode custar caro. Como resultado, acabou sofrendo os maiores ataques justamente das duas mulheres candidatas – Simone Tebet, do MDB, e Soraya Thronicke, do União Brasil.
Tebet usou praticamente todas as suas participações, desde a primeira até a última, para criticar e atacar Bolsonaro e seu governo. E ao lado de Thronicke – defendeu a jornalista. Ambas ratificaram duas marcas do presidente, a misoginia e os ataques às mulheres.
“Candidato Bolsonaro, por que tanta raiva das mulheres?”, quis saber Tebet. Já Thronicke cresceu no debate ao provocar “quem é tchutchuca com os homens e tigrão com as mulheres”, avisar que pode virar “uma onça” e dramatizar: “Vou pedir para reforçar minha segurança”. A força dessa manifestação é ainda maior porque ela é a cara e a voz dos bolsonaristas arrependidos”, afirmou.
Lula esteve apático, não se saiu bem sobre o tema corrupção, provocado por Bolsonaro, que chegou a afirmar que o petista fez o Governo mais corrupto da história do Brasil. O acusou de provocar rombo na Petrobras e de receber dinheiro em espécie do ex-ministro Antônio Palocci como propina.
Lula tentou tirar proveito dos ataques de Tebet e Thronicke a Bolsonaro, mas se deu mal. Quando ele tentou uma dobradinha, sobretudo com Tebet, deu um tiro no pé. Ela reagiu cobrando a corrupção nos governos petistas e Thronicke foi na mesma linha. A corrupção foi, aliás, uma palavra constante nas perguntas a Lula.
O presidente Bolsonaro foi agressivo, descontrolado, inconsequente. Já o ex-presidente Lula não disse a que veio no debate, passou em branco. Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) acabaram roubando a cena.
Fora do ar, dois momentos de tensão: a troca de desaforos entre o bolsonarista Ricardo Salles e o neolulista Janones, que tiveram de ser contidos para não trocarem também sopapos nos bastidores. O outro foi logo na chegada de Bolsonaro, quando ele disse que “não apertava a mão de ladrão”.