A situação degradante do músico Manoel Jardim é o retrato fiel do resultado das drogas e do alcoolismo. Uma carreira que poderia ser promissora encontra-se “atirada” pelas calçadas nas ruas de Juazeiro do Norte e sem a perspectiva de uma vida mais longa. De aproximadamente 55 anos, Manoel é um exímio contrabaixista e toca violão como ninguém, porém o vício falou mais auto em sua vida e este não consegue largar o mal que o acompanha há anos.
Na última sexta feira, por exemplo, ele foi visto dormindo na rampa de acesso à agência centro da Caixa Econômica Federal, na Rua da Conceição, no centro de Juazeiro do Norte diante do olhar indiferente dos transeuntes.
Perto desse maltrapilho homem, uma caixa com suas roupas e, às vezes, tenta levantar e não consegue. Os pés sujos estão feridos de tanto perambular pelos recantos da cidade, em busca de ajuda, normalmente para comprar bebidas ou substâncias entorpecentes.
Em algumas ocasiões vendeu CDs com músicas de outros artistas por ele gravado, cuja finalidade do dinheiro era a mesma. Antes, era visto com o violão nas costas dentro de uma sacola, mas não se sabe onde o instrumento ficou algum dia, no seu vai e vem pelas ruas.
Quando está mais lúcido tem sempre uma história para contar desde que não seja traído pela memória, cansada em virtude dos maus tratos. Costumeiramente, dorme sobre um papelão no corredor do banheiro de um bar que funciona por trás da Inboplasa.
Nem parece aquele artista das bandas Magazine e Azimuth, que se apresentou com o cantor Luiz Fidélis ou fez parte do grupo que tocou no Cariri para Rita Lee e Ângela Rô Rô. Esta última até quis levá-lo, mas Manoel falou que “só deixaria o seu Cariri no último pau de arara”. Segundo o radialista e igualmente músico Joca Cariri, trata-se de um artista nato.
Recentemente, deixou mais as drogas, porém não largou o álcool e bebe o dia todo. Até já esteve internado num hospital de Crato por conta do alcoolismo. Quando lhe perguntam se não pretende mudar de vida, Manoel chora e implora por ajuda. (Site Miséria)