Ao menos 15 senadores articulam candidaturas a governos estaduais; veja a lista

Agência O Globo
A menos de um ano das eleições, ao menos 15 senadores se articulam para disputar os governos estaduais. Os parlamentares se movimentam para costurar alianças e traçam estratégias para pavimentar suas candidaturas, sem prejuízo de perder o atual posto. Onze deles têm mandato até 2027.
Com a proximidade do pleito, o início das conversas sobre alianças e divisão de fundo eleitoral, e levando em conta o risco de seus partidos não superarem a cláusula de barreira, três senadores decidiram trocar de legenda para a disputa deste ano. O senador Fabiano Contarato, por exemplo, trocou a Rede pelo PT e tenta se cacifar para concorrer ao governo do Espírito Santo.
A desfiliação de Contarato do partido da ex-ministra Marina Silva ocorreu por falta de estrutura e pelo baixo desempenho da legenda nas últimas eleições. A pretensão eleitoral do parlamentar, que se destacou nacionalmente por sua atuação na CPI da Covid, esbarra nas conversas entre PT PSB para uma aliança nacional em torno da candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto. No Espírito Santo os socialistas cobram o apoio petista à reeleição do governador Renato Casagrande.
“Disputar o governo do Espírito Santo não é uma situação que está fora de possibilidade, se o Partido dos Trabalhadores , no qual estou me filiando, quiser construir um projeto de governo e acreditar que meu nome seja um nome bom para a disputa, eu não me furtarei da responsabilidade”, diz Contarato.
Assim como Contarato, Leila Barros também trocou de legenda para disputar o governo do Distrito Federal. A ex-jogadora de vôlei trocou o PSB pelo Cidadania. Segundo ela, “a nova legenda permitirá desempenhar uma atividade mais eficaz e organizada no Senado Federal ao lado dos senadores Eliziane Gama e Alessandro Vieira”. A senadora deve enfrentar o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), que tentará a reeleição, e outros dois colegas de Senado: Reguffe, que se filiou ao Podemos e deve dar palanque ao ex-ministro Sergio Moro, e Izalzi Lucas (PSDB).
Em Santa Catarina, a disputa pelo governo deve ter mais de um bolsonarista no páreo. O senador Jorginho Mello (PL), que tem mandato até 2027, costura uma aliança com Republicanos e Progressistas para a eleição. O atual chefe do Executivo, Carlos Moisés (sem partido), busca uma aproximação com o governo federal. De olho em sua reeleição, Moisés tenta atrair o eleitorado conservador após enfrentar dois processos de impeachment.
Já o senador Dário Berger (MDB) tem conversas adiantadas para se filiar ao PSB e formar uma chapa de oposição ao atual governo. O prazo para as convenções partidárias — e definição de candidaturas — termina em agosto. Segundo Berger, a disputa pelo governo catarinense não deve se basear em um “Fla-Flu” =entre Lula e Bolsonaro.
“Ninguém mais aguenta esse “Fla-Flu” pelo qual se transformou a política brasileira. Nosso país tem pressa e Santa Catarina tem pressa. Eu quero discutir propostas e ideias para que nosso estado possa crescer cada vez mais. Em 2018 o eleitorado catarinense votou em um desconhecido para governar o estado só porque estava colado no presidente Bolsonaro. O resultado disso foi a instabilidade política que paralisou o estado por mais de dois anos”, afirma.
Diante da liderança do ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto, a estratégia do PT é lançar o máximo de nomes possíveis nas disputas estaduais. Enquanto as conversas para a formação da chapa presidencial, com legendas como PSB, PSOL e PCdoB, não evoluem, os senadores petistas Rogério Carvalho (SE), Paulo Rocha (PA), Jaques Wagner (BA) e Contarato (ES) pressionam por definições para oficializarem as candidaturas.
Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Ufscar, o sistema eleitoral brasileiro favorece candidatos que estejam ao lado de chapas presidenciais bem colocadas nas pesquisas.
“Em um sistema como o nosso, quanto mais bem colocado está o candidato presidencial melhores são as condições de disputa para os cargos de senador, governador e deputado. Apesar disso, as conversas entre partidos ainda estão ocorrendo e não há nada definido. Os senadores têm ainda a opção de disputar sem perder o mandato. As siglas devem bater o martelo após a definição das chapas presidenciais”, explica.