De tanto ficar em cima do muro, o PSDB está se tornando um partido inviável e começa a ser abandonado por seus quadros técnicos, como os economistas Gustavo Franco e Paulo Faveret. A crise interna está atingindo um clímax devido ao apoio incondicional dos líderes do partido ao senador Aécio Neves, um parlamentar que está desonrando e destruindo a imagem do PSDB, por ter sido flagrado em atos de corrupção passiva e obstrução da justiça, num telefonema gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, com filmagem da entrega de quatro malas de R$ 500 mil e tudo o mais.
Não existe a menor possibilidade de Aécio Neves provar sua inocência, pois formou quadrilha e incriminou a própria irmã Andrea e o primo Frederico Pacheco de Medeiros. Como não tinham direito ao foro privilegiado que protegeu o parlamentar tucano, os dois foram presos liminarmente em 18 de maio, mas depois a Primeira Turma do Supremo decidiu soltá-los, para que respondam a processo em liberdade.
SOB O MANTO DA ÉTICA – O PSDB foi criado em 1988 sob o manto da ética. Três décadas depois, o partido se contradiz e demonstra empenho para salvar um dos parlamentares mais corruptos da atualidade, que já responde a nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal e pela segunda vez está afastado do mandato.
Além de ser flagrantemente corrupto, Aécio Neves merecia perder o mandato por falta de decoro parlamentar, pois a gravação exibe seu linguajar chulo e recheado de palavrões, que mais parecia um diálogo de Lula da Silva com sua falecida esposa, que também foram grampeados em baixíssimo nível, vejam a que ponto caiu a política brasileira.
Além de defender Aécio, o PSDB toma a frente da operação para evitar o afastamento e processo criminal de três políticos altamente corruptos – Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco, os três mosqueteiros que eram quatro e agora estão desfalcados de Geddel Vieira Lima, já recolhido aos costumes, como se dizia antigamente. O relator tucano Bonifácio Andrada nem terá trabalho, porque os advogados de Temer já estão redigindo o parecer dele.
PRESSÃO NO SENADO – A crise agrava, porque na quinta-feira (dia 28), o Senado aprovou um pedido do líder tucano Bauer para colocar em votação a decisão do Supremo contra Aécio na sessão da próxima terça-feira (dia 3).
Sem maiores preocupações com o limite da irresponsabilidade que caracteriza os tucanos desde a Era FHC, Bauer alega que “não há razão” para o Senado esperar o dia 11, quando haverá um julgamento no Supremo Tribunal Federal que se relaciona diretamente com o caso. O líder tucano quer forçar o Senado a votar terça-feira a proposta de anular o afastamento de Aécio, mas está encontrando forte resistência.
É claro que essas cenas de apoio explícito à corrupção estão desmoralizando o que restava do imagem do PSDB. Os parlamentares mais jovens do partido (chamados de “cabeças pretas”) se decepcionam e ameaçam buscar outra legenda. E assim o PSDB mais uma vez renega suas origens e prefere caminhar para uma espécie de suicídio coletivo, no estilo do pastor fundamentalista Jim Jones.