Por Agência O Globo – Após o caso do ruandês Callixte Nzamwita, de 55 anos, vir a público, muitos conheceram o transtorno que a psicanálise chama de ginecofobia (ou ginofobia), caracterizado pela aversão severa às mulheres. No entanto, o transtorno também se manifesta na versão masculina: a androfobia, que costuma, inclusive, ser mais comum.
A androfobia é um transtorno de ansiedade, como caracteriza Matheus Karounis, mestre em psicologia clínica, membro da Associação Psicologia Americana (APA) e professor da PUC-Rio, e costuma se manifestar na presença de um homem ou simplesmente na ideia da figura masculina. Nessas situações, a pessoa apresenta sintomas como tremores, sentimento de necessidade de fuga, nervosismo excessivo, excesso de transpiração e afins.
“A noção não é de timidez, como o medo de ser humilhado, mas sim de que o homem oferece perigo, que vai atentar contra a vida, honra, que basta ser homem que vai fazer coisas perigosas”, explica o psicólogo.
No entanto, diferente da ginecofobia, a aversão a homens tem a causa muito mais visível — apesar da dificuldade da psicologia de especificar a causalidade de transtornos.
Pela grande ocorrência de abusos e violência contra mulheres, é comum que meninas cresçam escutando casos de amigas, vizinhas e familiares que sofreram maus-tratos ou algum tipo de assédio por algum homem, e por generalização, atribua que “todo homem é responsável por todas as coisas ruins”, como argumenta Karounis. Ele explica que há também a situação de vivência: quando uma mulher, independente da idade, passa por um problema diverso e acaba aprendendo e desenvolvendo uma “crença central” de que todo homem é perigoso.
“Às vezes, a pessoa não tem um nível muito avançado do transtorno, mas ainda experimenta alguns sintomas”, analisa Karounis, que acrescenta que problemas para se relacionar também podem indicar a androfobia.