Folha de S. Paulo – Rafael Gregorio
O presidente Michel Temer pouparia a nação de angústia se renunciasse e, neste caso, eleições diretas aprovadas por emenda seriam opção tão constitucional quanto escolha pelo Congresso. Quem afirma é Carlos Roberto Siqueira Castro, 67. Professor de direito constitucional na UERJ e, como convidado, também na Universidade de Paris, a Sorbonne. Ele diz que há base para o impeachment mesmo que o áudio da conversa entre o peemedebista e Joesley Batista, dono da JBS, revele-se editado.
Em sua visão, Temer “mostra mais apego ao cargo do que às responsabilidades” e “rechaça o acusador, mas não a acusação”.Conselheiro federal da OAB pelo Estado do Rio, Siqueira Castro atuou no STF como subprocurador-geral e participou da redação da Constituição de 1988.
Como avalia a condição jurídica de Temer após a delação da JBS?
Carlos Roberto Siqueira Castro Acho que o presidente está cometendo um equívoco. Uma coisa é ter apego à responsabilidade, outra é ter apego ao cargo. Temos que respeitar sua visão de que não cometeu obstrução de Justiça, corrupção ou crime de responsabilidade, mas transformar o governo em um bunker para garantir seu mandato não me agrada. O terceiro andar do Palácio hoje é um laboratório de aliciamento político-partidário, até nos âmbitos do STF e do TSE. Também não concordo com os ataques ao procurador-geral. O problema não é o Rodrigo Janot, o problema são os fatos.
Continua…