Aliados: Mandetta fica por ‘questão cívica’ e não depende do DEM

Pessoas próximas avaliam que o ministro Luiz Henrique Mandetta, “botou o bode na sala”. Em outras palavras, ele acenou que fica no Governo Federal, a despeito do pronunciamento feito, anteontem, pelo presidente Jair Bolsonaro na contramão das orientações do Ministério da Saúde, mas deixou no ar, ao mesmo tempo, a possibilidade de deixar a pasta após a crise. Em coletiva, ontem, o ministro tratou do “fico” da seguinte forma: “Eu saio daqui na hora que acharem que eu não devo trabalhar; que o presidente achar que devo sair; que eu tiver uma doença, porque pode acontecer; ou achar que esse período de turbulência tenha passado e eu possa não ser mais útil”. Aliados traduzem: “Ele ficou, já deixando a porta aberta para sair”. Em reserva, apontam a permanência como “uma questão de “responsabilidade cívica”.

Fala-se que uma saída do ministro, agora, “seria o caos”, já que ele é variável de “equilíbrio” no governo. Em paralelo, pessoas bem próximas realçam que Mandetta tem vínculos mais fortes com o governador Ronaldo Caiado (GO), que rompeu com Bolsonaro ontem, e com o ministro Onyx Lorenzoni. Leia-se: Mandetta não foi uma indicação do DEM, o que faz a sua decisão de estar ou não no governo não depender da benção da sigla. “Ele não foi para lá com apoio do DEM”, sublinha um parlamentar à coluna. Durante a entrevista, Mandetta cuidou de afastar rumores de que, a partir de agora, teria uma atuação mais política, ou baseada em uma concordância com tudo que disse o presidente. “Vamos trabalhar com critério técnico sempre”, avisou o ministro.

Mas não deixou de acenar à tese defendida por Bolsonaro, ao desautorizar, em cadeia nacional, medidas aplicadas por governadores. O ministro enalteceu a “grande colaboração”, dada pelo presidente, segundo ele, ao realçar “que é preciso pensar na economia”. Mandetta pode até dar razão ao chefe, mas a população, segundo pesquisa Datafolha, equipara o desempenho do ministério (55%) ao dos governadores (54%), em detrimento da aprovação de Bolsonaro (35%) no trato do coronavírus. (Renata Bezerra de Melo – Folha de Pernambuco)