Alepe tem sete pretendentes ao cargo de presidente …

Deputado Romário Dias

Os doze anos de hegemonia de Guilherme Uchoa no comando da Casa Joaquim Nabuco deram a impressão de que não havia outro deputado com envergadura para ocupar o posto, uma vez que todas as vezes que ele disputou venceu com significativa maioria. Porém, após sua morte e a vacância do cargo, muitos deputados se movimentam discretamente ou abertamente no sentido de ocupar o posto, uma vez que compete ao presidente comandar uma Casa com orçamento quase bilionário e que lhe confere muito poder e prestígio, vide o próprio Guilherme e o ex-presidente Romário Dias que comandaram o Poder Legislativo por quase duas décadas.

No PSB surgem três nomes que aparecem com algum tipo de expectativa de disputa. Além de ser o partido do governador, o PSB já sonhava com este cargo desde 2015 quando ensaiou colocar Waldemar Borges para o posto e acabou tendo que se submeter a mais dois mandatos de Guilherme porque não tinha votos suficientes para derrotá-lo. O próprio Waldemar surge como uma alternativa quase quatro anos depois por conta da sua forte ligação com o Palácio, o que facilitaria a vida do governo nesta reta final. Waldemar já foi presidente da Câmara do Recife e goza de muito prestígio junto ao governador. Pesa contra ele a falta de relação com a Casa, que foi um de seus obstáculos em 2015 e que segue lhe atrapalhando, de acordo com vários deputados.

O líder do governo Isaltino Nascimento também é tido como alternativa palaciana. Bom de discurso e com excelente trânsito na Casa, pesa contra ele a questão eleitoral. Ele ficou na suplência em 2014 assumindo apenas em 2017 o mandato. Muitos avaliam que sua escolha poderia abrir uma divergência na base do governo, pois outros nomes se consideram mais legitimados eleitoralmente e até politicamente do que ele para o posto. O terceiro socialista lembrado é o ex-secretário da Casa Civil Nilton Mota. Ele teve dificuldades de diálogo com a Casa quando comandava a Agricultura e na Casa Civil os deputados avaliam que ele não correspondeu às expectativas. Mas esses fatores poderiam ser relevados se ele não estivesse no primeiro mandato, e se tivesse vivenciado a Casa por mais tempo. Assim como Isaltino, muitos avaliam que existem outros nomes com maior bagagem para o posto.

Continua…

De outros partidos surgem mais quatro nomes, sendo dois do PP, um do PSD e outro do Solidariedade. O nome do PSD é um velho conhecido da Casa, trata-se do deputado Romário Dias que sonha acordado com a presidência e voltar ao cargo mais importante que já ocupou em sua vida seria extraordinário para quem um dia deixou a política para ser integrante do Tribunal de Contas. Romário goza de prestígio entre os pares, mas segue longe de ser uma unanimidade. Não deve ser subestimado, mas se a disputa fosse hoje poderia enfrentar dificuldades devido já ter ocupado o posto por seis anos.

O deputado estadual Alberto Feitosa é um nome qualificado, com bom trânsito na Casa, e que já teve passagens pelo executivo com expressiva aceitação. Filiado ao Solidariedade, Feitosa poderia representar a amarração do partido na base de Paulo Câmara e facilitar a interlocução com a oposição, uma vez que nem seria um nome totalmente palaciano como os três nomes socialistas nem alguém que já ocupou o cargo como Romário. Pesa contra ele ser de um partido que tem apenas um deputado na Casa, ele próprio, e que poderia repetir Guilherme quando foi eleito sendo de um partido com uma bancada pequena, o que já foi motivo de críticas na época.

Por fim, dono da maior bancada da Assembleia Legislativa de Pernambuco, o PP aparece com dois nomes. Um é o deputado Cleiton Collins, presidente em exercício da Casa, e que por três eleições seguidas é o mais votado para a Alepe, com chances reais de repetir o feito em outubro. Por ser do segmento religioso, há deputados que não concordam com a indicação, uma vez que poderia misturar a sua crença com o comando da Casa causando ruídos com setores da sociedade. O outro nome é o do deputado Eriberto Medeiros, que é muito habilidoso, tendo excelente trânsito na Casa, e que já está com o bloco na rua para ser deputado federal. Há quem ressalve sua escolha pelo fato de sentado na cadeira de presidente poder reconsiderar disputar um mandato de federal e tentar a reeleição, o que faria dele um nome forte para seguir presidindo a Casa em 2019.

Não será fácil para a Casa fechar a conta, uma vez que aquele que sentar na cadeira terá muitos poderes durante a eleição de outubro e será fundamental na equação da nova mesa em fevereiro de 2019, tendo elevadas chances de seguir no posto por pelo menos um biênio. Nos próximos dias estará em jogo a escolha daquele que ascenderá a um grande protagonismo na política estadual, e mesmo que negue, lutará para ter a mesma relevância e todo o poder que Guilherme representou no período que foi presidente. (Por Edmar Lyra)