Faleceu nesta segunda-feira (13) um dos mais talentosos e conhecidos sanfoneiros do Agreste de Pernambuco: Raimundo Ferreira da Silva, o “Belo Sanfoneiro”, aos 56 anos. Ele sofria de diabetes e morreu por volta das 16h durante uma sessão de hemodiálise em um hospital de Caruaru, no Agreste. Seu corpo está sendo velado em sua residência, localizada no sítio Serra Seca, próximo à entrada do distrito de Lagoa de João Carlos, pertencente ao município de Frei Miguelinho. O artista será sepultado por volta das 16h desta terça-feira (14), no Cemitério de Santa Maria do Cambucá, seu município de origem.
Belo era filho de um casal de agricultores e despertou desde pequeno seu interesse pela música, sendo a sanfona o seu instrumento preferido. Incentivado pelos familiares, começou a tocar no início dos anos 70, quando ganhou da mãe, dona Maria das Dores, uma sanfona de 48 baixos. Sua primeira apresentação foi na cidade do Recife, quando foi contratado para cantar numa festa em homenagem à Ana Arraes, filha do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e mãe do ex-governador Eduardo Campos. De Campos, aliás, com quem fez uma grande amizade, chegou a ganhar de presente em 2009 uma sanfona de 120 baixos. Em 2011, durante uma visita do então governador à comunidade do Diogo, no município de Casinhas, Belo foi a atração musical escalada para cantar em sua homenagem. Ambos se abraçaram e conversaram como velhos amigos.
Durante sua carreira, o sanfoneiro chegou a se apresentar em quase todas as cidades pernambucanas e em várias do Nordeste, com destaque para shows realizados no Exu, Juazeiro, Recife, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Igarassu, Paulista, Teresina, Maceió, dentre outras. Conquistou prêmios em diversos concursos de forró, mas só em 2003 teve a oportunidade de gravar o seu primeiro CD. Quatro anos depois, também gravaria o primeiro DVD. A música “Saudade da Minha Terra”, que fez em homenagem ao seu pai, José Ferreira, acabou sendo responsável pelo grande sucesso de vendas do trabalho.
Em seus últimos anos de vida, chegou a ficar internado por várias vezes no Hospital São Luiz, em Surubim. Apesar disso, não parou de tocar e todos os domingos fazia apresentações que ficaram conhecidas como o “Forró do Belo”. Nessas ocasiões, sempre fazia questão de agradecer pela força e o apoio recebidos de familiares e amigos. “Agradeço a todos vocês por divulgarem a minha arte, pois a sanfona é o instrumento mais precioso que já existiu na minha vida”, afirmava. (Charles Nascimento/ Mais Casinhas)