Dois dias depois de se entregar à polícia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem procurado ler na carceragem da Polícia Federal de Curitiba para passar o tempo, segundo seu advogado, Cristiano Zanin. O petista, no entanto, não tomou banho de sol e optou por ficar na cela lendo “A elite do atraso, da escravidão à Lava-Jato”, de Jessé Souza.
Ao sair do prédio da PF, o advogado também contou que o ex-presidente assistiu à final do campeonato paulista, no domingo, já que a televisão aberta local não pôde transmitir a final do campeonato paranaense. “Naturalmente, ele ficou contente com o título” — diz ele, sobre a vitória no Campeonato Paulista.
Zanin relatou que o petista permanece bem, “embora indignado por estar preso sem ter cometido crimes”. Ainda não há informações sobre visitas de familiares e nem se ele ouve as manifestações que acontece, ao lado de fora do prédio da PF.
APOSTA NO STF – Em reunião da executiva do PT nesta segunda-feira, em Curitiba, a presidente do partido, senadora Gleisi HoffmanN (PR), manteve a aposta de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) revejam a possibilidade de prisão após a condenação em segunda instância.
Gleisi disse que espera que Lula deixe a prisão até quarta-feira, quando está marcado o julgamento de uma liminar sobre a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância. A esperança do PT é que, na análise do caso teórico, o Supremo reveja sua posição, com o voto da ministra Rosa Weber, e Lula possa ser solto.
Em 2016, Rosa Weber foi voto vencido ao se posicionar a favor de esperar o fim dos recursos para iniciar o cumprimento da pena, mas desde então tem seguido o entendimento da maioria do Supremo e votado a favor da prisão após a decisão da segunda instância. No julgamento do habeas corpus de Lula, quarta-feira, ela negou o pedido do ex-presidente. Seu voto, em um eventual reexame da questão no STF, é tido como incerto. (Por Luiza Dalmazo / O Globo)