Após os parlamentares minimizarem o período de transição dos servidores do texto, além de retirarem os estados e municípios e o dispositivo que permitia a implementação da capitalização da reforma, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os deputados podem “abortar a nova Previdência”. No Rio de Janeiro, ele criticou as mudanças em entrevista a jornalistas e afirmou que, por causa disso, o país terá que modificar novamente a legislação em cinco ou seis anos.
Para ele, a Câmara também sofreu pressões corporativas e o lobby dos servidores do Legislativo. “Eu acho que houve um recuo que pode abortar a nova Previdência. O recuo é que pelo menos pressões corporativas e de servidores do Legislativo forçaram o relator a abrir de R$ 30 bilhões”, disse o ministro.
Guedes ressaltou ainda que o funcionalismo público já é favorecido pela legislação atual e que deveria ter regras de transição mais duras. O relator da proposta na Comissão Especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) apresentou nesta quinta-feira (13/6) o parecer com todas as alterações.
Para Guedes, algumas modificações já eram esperadas, mas ele considera que passsou do ponto. “Eu esperava que cortassem o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Rural, daí ficava R$ 1 trilhão (de economia num período de 10 anos)”, afirmou. “Eu alertei várias vezes, nós conseguimos lançar a nova Previdência, que é o compromisso com as futuras gerações. Mais aí, na verdade, cortaram R$ 350 bilhões”, completou.
O ministro ressaltou em diversas ocasiões que poderia sair do cargo se a reforma não alcançasse R$ 1 trilhão — valor necessário para lançar a capitalização, segundo ele. Na interpretação dele, sem a quantia, o país não terá compromisso com as novas gerações. “Eu não vou criticar, eu estou esclarecendo e vou respeitar a decisão do Congresso. Agora, é importante que os deputados, que o relator, se aprovar a reforma dele, que são R$ 860 bilhões, abortaram a nova Previdência”, apontou. (Correio Braziliense)