Eleito deputado federal em 2014 após uma exitosa passagem pela secretaria de Turismo e Lazer da prefeitura do Recife, Felipe Carreras nunca escondeu o seu desejo de ser candidato à sucessão de Geraldo Julio em 2020, porém os últimos acontecimentos convergiram para uma candidatura de João Campos em seu lugar, e virou consenso que Felipe terá que adiar o projeto de tentar governar a capital pernambucana.
A votação a favor da reforma da Previdência deixou Felipe Carreras em situação delicada no PSB, uma vez que o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, não só lhe fez duras críticas, sinalizando sua expulsão, como cobrou R$ 1,3 milhão que o partido repassou para sua campanha de 2018. A prova que Siqueira passou de todos os limites é que os principais expoentes do partido em Pernambuco cuidaram de enaltecer a história do parlamentar no ninho socialista.
Votação da reforma à parte, Felipe Carreras encontra-se numa encruzilhada, pois se continuar no PSB terá a certeza que não será candidato a prefeito do Recife, portanto para viabilizar seu projeto será necessário deixar o partido e ingressar em alguma sigla que lhe garanta a legenda para a disputa de 2020. Se for expulso, não correrá riscos de perder o mandato, já se optar pela troca de partido sem expulsão, terá que se defender na justiça de um pedido do seu mandato por parte do PSB.
Na década de oitenta ocorreu um caso semelhante. Na disputa pela prefeitura do Recife em 1985 o então deputado federal Jarbas Vasconcelos almejava ser candidato pelo MDB, mas perdeu a indicação para Sergio Murilo que conquistou o aval da burocracia partidária. Jarbas ingressou no PSB e derrotou Sergio Murilo numa das campanhas mais sangrentas da história da capital pernambucana. Se Jarbas tivesse acatado a decisão partidária, teria ficado de fora daquele processo eleitoral, não teria sido prefeito e talvez não tivesse conquistado uma trajetória vitoriosa como alcançou.
Felipe Carreras tem a chance de repetir Jarbas, saindo do PSB e ingressando num partido que lhe receba de braços abertos. Se for candidato, ainda que não seja favoritíssimo, terá a oportunidade de construir sua própria história numa disputa majoritária, se abdicar da disputa ficando no PSB estará caminhando para o fim de perspectivas majoritárias. A bola está com ele, lembrando que a flecha lançada, a palavra pronunciada, e a oportunidade perdida são três coisas que não voltam atrás. (Edmar Lyra)