Substituído da presidência do partido no ano passado, após discordar do apoio do PSB à candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB), o ex-presidente nacional da sigla Roberto Amaral disparou contra a fusão da legenda com o PPS. Em nota enviada com exclusividade à Folha de Pernambuco, o dirigente avaliou ser “moralmente inaceitável” a união com a sigla pós-comunista.
Segundo ele, a fusão das legendas representa “o ponto final” na história do PSB como força socialista da esquerda e é coerente com a nova fase da legenda que, na sua leitura, “nada tem a ver com o PSB de seus fundadores”, como o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes.
“A fusão é moralmente inaceitável, é o ponto final do PSB, formal e politicamente, é o sepultamento do socialismo, do nacionalismo e da prática de uma política de esquerda. No entanto, é processo natural no PSB de hoje que nada tem a ver com o PSB de seus fundadores, que nada tem a ver com o PSB de 1990 no qual recebi Miguel Arraes”, bateu.
Liderança história do PSB, Roberto Amaral sugere ainda que o Congresso Extraordinário, convocado para junho, poderia tirar o ‘S’ de socialista da legenda como “uma homenagem” aos líderes como João Mangabeira, Miguel Arraes e Jamil Haddad. A atitude seria na avaliação do ex-presidente “um ato de dignidade histórica”, mas ele afirma não ter certeza “se é pedir muito da honestidade ideológica dos atuais dirigentes”.
“Poderia ser apenas ‘P40’, um nada e um número, como muitos de seus dirigentes atuais já pleiteiam há tempos”, disse.
O socialista afirma que as novas lideranças da legenda fazem “esforços para jogar a história partidária na lata de lixo e abdicar de seu futuro”. O dirigente ironiza que o partido que chegou a abrigar históricas lideranças de esquerda “como Pelópidas da Silveira e Francisco Julião’ é abrigo “dos deputados federal Pastor Eurico (PE) e do deputado Heráclito Fortes (PB) e da família Bornhausen”.
“É obra dos que mudam para ganhar, e transformam a política em mero jogo estatístico, ou instrumento de mesquinhas realizações pessoais. É a miséria da política que espanta os jovens”, afirmou.
Roberto Amaral defende que a fusão com o PPS abra espaço para outras fusões que, segundo ele, são “igualmente coerentes” com a nova realidade do PSB. Ele sugere o Democratas, do deputado federal Ronaldo Caiado, e o Solidariedade, do também deputado Paulinho d Força, como opções.
Leia a íntegra da nota:
“A fusão é moralmente inaceitável, é o ponto final do PSB, formal e politicamente, é o sepultamento do socialismo, do nacionalismo e da prática de uma política de esquerda. No entanto, é processo natural no PSB de hoje que nada tem a ver com o PSB de seus fundadores, que nada tem a ver com o PSB de 1990 no qual recebi Miguel Arraes.”
“O PSB que, já abrigou Pelópidas da Silveira e Francisco Julião, é hoje o partido do Pastor Eurico e do deputado Heráclito Fortes e da família Bornhausen. E será logo mais o partido de Roberto Freire. Por tudo isso, a fusão é tristemente lógica, pois dá sequência aos esforços atuais de jogar a história partidária na lata de lixo e abdicar de seu futuro. É obra dos que mudam para ganhar, e transformam a política em mero jogo estatístico, ou instrumento de mesquinhas realizações pessoais. É a miséria da política que espanta os jovens.”
“De uma forma ou de outra, abre caminho para outras fusões, igualmente coerentes, com outros partidos em extinção, como o DEM de Caiado e o Solidariedade do Paulinho da Força.”
“Num ato de dignidade histórico-política (não sei se é pedir muito da honestidade ideológica dos atuais dirigentes), o Congresso Extraordinário, apressadamente convocado, como observou o deputado Tadeu Alencar na reunião da bancada, poderia, numa homenagem a João Mangabeira, Miguel Arraes e Jamil Haddad, raspar da sigla o ’S’ de socialismo. Poderia ser apenas ‘P40′, um nada e um número, como muitos de seus dirigentes atuais já pleiteiam há tempos”.
Estou à sua disposição. Bom feriado, se for possível.