Teve fim no dia de ontem a relação entre o grupo Ferreira e a Frente Popular, mas já havia indicativos de que esta aliança não prosperaria. Os Ferreira vinham numa clara ascensão desde 2010 quando Anderson Ferreira foi eleito deputado federal. Naquela ocasião eles tiveram uma baixa que foi a não reeleição do deputado estadual Manoel Ferreira que exerceu sete mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Mas pela primeira vez a família conseguiu chegar à Câmara Federal.
Na eleição seguinte, pela segunda vez consecutiva, André Ferreira foi eleito o vereador mais votado do Recife, consolidando um projeto que estava em franca ascensão. Dois anos depois, veio a vitória de Anderson, reeleito com o triplo de votos e a posição de quinto mais votado do estado, e a vitória de André Ferreira, como o quarto deputado estadual mais votado de Pernambuco. Ali já havia sinais de fortalecimento que o Palácio foi incapaz de enxergar. Anderson por sua vez demonstrou astúcia quando conseguiu tirar de Inocêncio Oliveira a presidência estadual do PR, o que mais uma vez o colocava no rol dos principais nomes do estado.
Nas eleições de 2016 após ensaiar disputar a prefeitura do Recife, Anderson acabou optando pela vizinha Jaboatão dos Guararapes, e mesmo sem contar com a simpatia de Paulo Câmara, foi o mais votado do primeiro turno, deixando de fora o candidato escolhido pelo Palácio que foi o inexpressivo Heraldo Selva e enfrentando Neco, um histórico vereador da cidade. Vale ressaltar que o governador chegou a afirmar em alto e bom som que na cidade ele só tinha um candidato e esse candidato era Heraldo.
No segundo turno, apesar de já ter obtido uma boa vitória na primeira etapa, Anderson não contou com a simpatia do Palácio, que permitiu muitos de seus aliados apoiarem a candidatura de Neco, e mesmo sem o apoio do governador, Anderson acabou vitorioso. Aquela eleição deixou trincas na relação entre os Ferreira e o Palácio, mas continuou até ontem quando o grupo que comanda Jaboatão anunciou o seu rompimento com o governador Paulo Câmara.
Apesar de não terem anunciado o caminho a ser trilhado, é justo interpretar que a família Ferreira irá apoiar a postulação de Armando Monteiro, que na eleição de 2016 foi solidário a Anderson desde o primeiro momento. Ainda não se sabe se André Ferreira irá para o Senado ou se optará pelo mandato de deputado federal, mas acabou trilhando o caminho que estava óbvio, que era o palanque oposto ao do PSB, que por sua vez fez uma clara questão de empurrá-los para a oposição.
A partir de agora, Paulo Câmara que já não contava com Camaragibe, Igarassu, Ipojuca e São Lourenço da Mata, terá o município de Jaboatão dos Guararapes na oposição, que é o segundo maior eleitorado do estado e que pode ter um papel importante na eleição estadual de 2018 criando um fato político que, se confirmado, dará maior musculatura ao projeto liderado pelo senador Armando Monteiro. (Por Edmar Lyra)