O presidente Jair Bolsonaro foi eleito com uma expressiva votação e numa eleição histórica que quebrou a hegemonia de quatro vitórias do PT em eleições presidenciais. A vitória de Bolsonaro se deu por uma confluência de fatores, mas a principal foi romper com a política tradicional que trouxe o Brasil ao fundo do poço.
Em quase sete meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro coleciona muitos acertos, mas de vez em quando entra em polêmicas completamente desnecessárias, uma delas é a intenção de indicar o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, para a embaixada brasileira nos Estados Unidos. O primeiro equívoco se dá no desrespeito aos 1.843.735 eleitores que fizeram de Eduardo o deputado federal mais votado do país, ele foi eleito para ser deputado federal e não para renunciar ao mandato e ser embaixador.
Mas o principal erro está na postura do presidente Jair Bolsonaro, que ao nomear seu filho para a embaixada brasileira está praticando à exaustão as atitudes obscuras da velha política, cujo eleitor quis combater. Não pode um presidente da República, por mais poder que ele tenha, achar que pode afrontar o Brasil e sair ileso, uma vez que além de a nomeação ocorrer somente por Eduardo ser filho do presidente, ele não tem nenhuma experiência diplomática para exercer a função de embaixador.
Se o presidente insistir nesta ideia absurda e o Congresso Nacional chancelar a indicação estaremos mais uma vez nos deparando com práticas que passamos décadas tentando combater, e isso abre um precedente perigoso para que outros presidentes possam nomear filhos, esposas, parentes em geral sempre que julgar necessários. O presidente, em respeito aos seus eleitores que são maciçamente contrários à esta indicação, deveria reavaliar a decisão, sob pena de fragilizar o seu governo que teve uma extraordinária vitória na semana passada com a aprovação da reforma da Previdência. (Edmar Lyra)