Por Magno Martins – Nos quatro Estados nordestinos em que a eleição foi decidida logo no primeiro turno, o ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência da República, emplacou aliados em todos: Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte; Elmano Freitas (PT), no Ceará; Rafael Fonteles (PT), no Piauí; e Carlos Brandão (PSB), no Maranhão. Na disputa de segundo turno nos demais cinco Estados, os candidatos do lulismo também lideram, com exceção de Pernambuco.
Na Bahia, maior colégio eleitoral da região, com Jerônimo Rodrigues (PT); em Alagoas, com Paulo Dantas (MDB); na Paraíba, com João Azevedo (PSB) e em Sergipe, com Rogério Carvalho (PT). Sendo assim, como é que Lula, igualmente na liderança na corrida presidencial, ganha em todos os estados nordestinos, mas vai perder justamente em Pernambuco, seu Estado de origem?
A mega passeata de sexta-feira passada pelo centro do Recife se transformou no grande termômetro de que em sua terra natal a força dele é gigantesca e que tende a arrastar Marília Arraes (Solidariedade), derrotando a tucana Raquel Lyra, que não se posicionou, ou seja, não tem lado no segundo turno – afirma que nem é Lula nem tampouco Bolsonaro.
Mas, em seu discurso no Recife, ao encerrar a estupenda passeata, que mais se assemelhou a um desfile carnavalesco do Galo da Madrugada, Lula disse, claramente, que quem não estivesse com ele, estava do outro lado, ou seja, afirmou, enfaticamente, que Raquel vota em Bolsonaro e que seus eleitores são bolsonaristas.
Mas a tucana ficou tão espantada com o mar vermelho que tomou as ruas do Recife que no dia seguinte foi às redes sociais tentar justificar sua neutralidade. Uma eventual vitória dela, entretanto, soará como uma derrota de Lula, já que está sendo capaz de influenciar a eleição de todos os governadores do Nordeste.
Raquel diz que não é bolsonarista, optou pelo muro na ilusão de que terá votos de lulistas e bolsonaristas, mas seu exército de aliados, além de seguidores cegos do presidente Bolsonaro, sataniza Lula. A lista é enorme – Clarissa Tércio, Coronel Alberto Feitosa, Coronel Meira, André Ferreira, Daniel Coelho, Júnior de Tércio, Joel da Harpa, Priscila Krause, Renato Antunes, Pastor Cleyton, dentre outros.
É o chamado bloco do ódio a Lula, ao vermelho, a cor do PT. Será que os eleitores fiéis de Lula em Pernambuco, raízes petistas ou lulistas de coração, não irão saber separar o joio do trigo?
Histórico petista – Refrescando a memória dos leitores e eleitores: de 2001 a 2005, Raquel Lyra foi do PT, junto com o seu pai. Nos últimos oito anos da sua vida, o tio famoso Fernando Lyra teve um emprego na Fundação Joaquim Nabuco, dado por Lula. Então, todos esperavam que ela fosse naturalmente apoiar Lula no segundo turno, como fizeram os grandes nomes históricos do PSDB nacional, a começar por Fernando Henrique Cardoso.
Câmara e Danilo tucanaram – Raquel quer colocar o azarento Paulo Câmara no colo de Marília, mas o governador, segundo o blog apurou, trabalha pela eleição dela, até pela amizade de velhos tempos. Danilo Cabral, candidato de Câmara Lenta derrotado no primeiro turno, também apoia Raquel, com quem já fez dobradinha no passado. Na surdina, é o maior defensor da candidata tucana. Muita gente no PSB diz que Raquel saiu do partido chorando porque não queria sair de lá. Ou seja, Raquel mente quando cria histórias para boi dormir de que não apoia Lula por conta de Paulo Câmara e do PSB.
O recado de Lula – Raquel nutre verdadeiro ódio a Lula, sobretudo depois da vinda dele ao Recife para fazer uma das maiores manifestações de rua da história de Pernambuco. E ainda mais depois que Lula disse uma verdade nua e crua: quem apoia Bolsonaro está com Raquel. Lula quis dizer o mais do que óbvio: Raquel também está com Bolsonaro. Lula disse sem falar o nome Raquel: “Não pense que o povo de Pernambuco é besta, você é Bolsonaro!”
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