Por Gabriela Caputo, g1 – O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 é “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.
O tema foi anunciado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, em seu perfil no X (antigo Twitter).
Dani Toffoli, professora do Curso Anglo (SP), diz que o tema segue padrão Enem, focando em uma minoria. Neste caso, a população envelhecida.
“O aluno que não está bem preparado pode se confundir com o uso da palavra ‘perspectiva’, porque veio na contramão dos três últimos anos, que trouxeram ‘desafios’ de alguma coisa”, analisa a professora.
De acordo com a professora, um erro comum que o aluno pode cometer é, ao longo do parágrafos de desenvolvimento, tentar trazer aspectos positivos ou interpretar ao pé da letra essas perspectivas. “A gente sabe que, no Enem, é preciso antes problematizar”, explica Dani.
Rayane Roale, assistente pedagógica da plataforma Redação Nota 1000, lembra que tema semelhante apareceu na questão discursiva da Prova Nacional do Docente (PND), que abordou “o idadismo como desafio social e educacional do Brasil”. O enunciado destacava a importância de combater estereótipos e práticas discriminatórias baseadas na idade.
Ela avalia o nível de complexidade do tema como mediano, se comparado a outras possibilidades de tema. “A questão da idade é algo que perpassa todas as camadas da sociedade, as pessoas estão envelhecendo no Brasil. Acredito que não vai ser um tema muito difícil de abordar, porque existe repertório, conhecimento de mundo e muita informação disseminada sobre o tópico”.
O professor Ademar Celedônio, Diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Plataforma de Educação lembra que, nesse primeiro momento, ainda não temos acesso a coletânea de textos motivadores que acompanham a proposta de redação e direcionam o tema.
Ele acredita que um recorte possível é sobre como a sociedade brasileira enxerga o envelhecimento populacional e como “vai se organizar em relação à longevidade, seja na participação social, seja no combate ao idadismo”, diz Celedônio.
“O Brasil precisa reposicionar a velhice como etapa ativa da cidadania, seja com políticas intersetoriais e com uma mudança cultural que se converta em capital social — não necessariamente só em vulnerabilidade.”
A professora Tanay Gonçalves, da plataforma Professor Ferretto, destaca que “o tema, assim como nos últimos quatro anos, trabalha com a questão de um recorte de invisibilidade“.
“Neste caso, o tema nos leva a uma subtemática fundamental: o etarismo. Ao discutir perspectivas acerca do envelhecimento, é importante lembrar que, no Enem, o aluno precisa sempre apontar algum tipo de denúncia ou evidenciar falhas”, acrescenta. No Brasil, “observamos a invisibilidade que recai sobre a população idosa e sobre o próprio processo de envelhecer, marcado por uma série de preconceitos”.
“É um tema que não é difícil. É amplamente estudado por muitos candidatos e abre diferentes possibilidades de abordagem”, acrescenta Tanay.
“Há perspectivas midiáticas sobre o envelhecimento, perspectivas históricas, e também um padrão social que enxerga o envelhecimento sob uma lógica utilitarista — ou não. Cabe aos textos de apoio delimitar quais caminhos os candidatos poderão seguir em sua argumentação”, reforça.
Ravena Srur, professora de Redação da Plataforma AZ, diz que é interessante acrescentar a questão da previdência. “A Previdência está implodindo. Temos uma juventude que se encaminha para um envelhecimento que é extremamente inseguro. Isso pode ser colocado de maneira extremamente atual e crítica na redação do candidato”, comenta.
Isabela Canella, professora da Escola SEB Lafaiete, também avalia o tema como esperado.
“Quando a gente pensa na palavra ‘perspectivas’, acerca do envelhecimento, entendemos que existem muitos desafios para a inclusão dessa minoria na sociedade: mercado de trabalho, inclusão digital, estigmas relacionados ao comportamento etc”, destaca.