Por Felipe Lacerda*
Concluído mais um pleito eleitoral para presidente da República, em que se sagrou vitorioso um nordestino de Caetés, pequeno município cravado no Agreste Pernambucano, voltam a tona recorrentes episódios de ataques ao Nordeste e o seu povo, fruto da intolerância, preconceito e uma pitada de ignorância.
Do resultado da eleição presidencial do ano de 2018, para a atual de 2022, o presidente Jair Bolsonaro, apesar de todo o trabalho realizado ao longo desses quase quatro anos e medidas populistas praticadas na véspera das eleições, aumentou a sua votação em míseros 408.507 votos. Ao passo que o PT, a contar do resultado obtido por Fernando Haddad em 2018 e o atual por Luis Inácio Lula da Silva, conseguiu um acréscimo de 13.305.093.
O termo mísero é absolutamente cabível ao falarmos dos 408.507 votos de acréscimo pró Bolsonaro, do pleito de 2018 para o atual, considerando que o Brasil teve mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores aptos a votar nesse ano de 2022, um aumento de 6,21% em comparação a 2018. Naquele pleito, o número era de 147.306.275.
Para efeito de comparação, só na capital do Estado de São Paulo, Lula obteve 486.437 votos a mais que o Presidente Bolsonaro. Ou seja, resultado melhor que o obtido pelo atual Presidente de uma eleição para a outra.
No colégio eleitoral de Minas Gerais, segundo maior do país com seus 16.290.870 eleitores e que pela nona vez “acerta” o resultado para Presidente da Republica, Lula obteve 55,20% dos votos válidos, com 6.190.815, enquanto Bolsonaro ficou com um percentual de 49,80%, que equivale a 6.141.161 votos.
Ao observarmos que na região Sudeste o Presidente Jair Bolsonaro teve um decréscimo de aproximados 1,3 milhão de votos, o que se repetiu na região Sul, com uma diminuição aproximada de 144 mil votos, poderíamos supor que a sua derrota se deu em virtude dessas duas regiões. Sobretudo pelo fato dele ter aumentado a sua votação no Nordeste em 1,1 milhões de votos, no Norte em 539 mil votos e Centro-Oeste em 168 mil.
Injusto seria, entretanto, aplicarmos a uma determinada região ou ao seu povo, a conta pelo desempenho político de um determinado candidato. Em se tratando do Presidente Bolsonaro, por ter sido ele o primeiro Presidente da República a disputar uma reeleição e não vencê-la, sabendo do peso que detém a máquina pública para a definição de uma eleição, fica claro que o PR perdeu para si mesmo.
Fica evidenciado, portanto, que todos os lamentáveis episódios de ataque ao Nordeste e ao povo nordestino, acompanhado do desrespeito a sua opção eleitoral de voto para Presidente da Republica, é fruto da mais pura ignorância, pois parte de pessoas que além de preconceituosas, sequer observam o resultado da eleição de forma detalhada.
*Advogado e observador político
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