Magno Martins
Localizado no Agreste Setentrional, a 114 km do Recife, com apenas 15 mil habitantes, Frei Miguelinho escreveu uma página diferenciada nas eleições deste ano, com um recorde nacional e a quebra de um tabu local. Num pleito em que as regras eleitorais a campanha foi reduzida para 45 dias, a prefeita eleita Adriana Assunção (PSB) esteve nas ruas por apenas 17 dias, algo inédito no País. No plano local, quebrou, por sua vez, um velho tabu do machismo enraizado na cultura da política nordestina: a primeira mulher a tomar posse como prefeita do município.
Casada aos 16 anos, mãe de três filhos, hoje com 52 anos, Adriana teve uma única experiência na vida pública: conselheira tutelar por sete anos na sua terra. Mas ela carrega no sangue da política o DNA da família Assunção. É filha de Gaudêncio Assunção, já falecido, três vezes prefeito, que virou um mito, considerado o “pai dos pobres”. Nunca sonhou em um dia governar o município, porque o herdeiro político e sucessor do pai é o irmão Gilmar Assunção, eleito duas vezes prefeito.
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“Minha vitória foi uma homenagem ao meu pai e ao reconhecimento das gestões do meu irmão”, avalia a prefeita eleita. Ela, entretanto, tem seus méritos. “Adriana é uma mulher corajosa, gosta de enfrentar desafios e herdou do pai a vocação de servir, estar junto dos mais pobres e necessitados”, diz o marido Rogério Barbosa, que não teve o privilégio de ser o primeiro a ser informado da candidatura da mulher.