Apesar de nenhum integrante do comando do PT cogitar a hipótese de Lula não concorrer ao Palácio do Planalto em 2022, o ex-presidente ainda evita se colocar abertamente como candidato à sucessão de Jair Bolsonaro. A ideia é que a chave para a condição de postulante a voltar a comandar o país seja virada ainda no primeiro trimestre do ano.
O líder petista pretende anunciar a pré-candidatura em fevereiro ou março. Pelo roteiro desenhado, Lula receberia de cara o aval, não só do PT, mas também de outros partidos, como o PSB e o PCdoB, para disputar a Presidência.
“Seria importante fazermos o anúncio da candidatura já com apoios”, afirma a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
O anúncio precoce de uma aliança para a eleição de novembro ainda depende, porém, de negociações. Há hipótese de formação de uma federação partidária entre as três siglas e mais o PV. Mecanismo que vai vigorar pela primeira vez no pleito deste ano, a federação exige que os partidos atuem juntos por um período de quatro anos nas esferas federal, estadual e municipal. O prazo legal para formalizar a federação é o início de abril.
Caso seja aprovada a união, os palanques de Lula nos estados seriam definidos com base nas escolhas da federação. Os partidos federados só podem ter um candidato em cada disputa. O PSB tem exigido contrapartidas do PT com o apoio a postulantes a governador em seis estados. Um dos principais entraves está em São Paulo, onde o ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) têm se colocado como pré-candidatos.
O anúncio do vice da chapa encabeçada por Lula também poderia ocorrer no lançamento da pré-candidatura. O ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB, é o mais cotado.
Em um segundo momento, mais próximo dos prazos para realização das convenções partidárias (entre 20 de julho e 5 de agosto), há expectativa dos petistas de atrair partidos pequenos de centro como o Solidariedade e o Avante.
Também devem ser mantidos diálogos com o PSD e o MDB, legendas que hoje têm pré-candidatos a presidente (os senadores Rodrigo Pacheco e Simone Tebet, respectivamente). Esses outros partidos apoiariam Lula no modelo tradicional de coligação e não integrando a federação.
Antes de colocar o bloco oficialmente na rua, Lula deve, ainda em janeiro, realizar um check-up, como costuma fazer todos os anos desde que teve um câncer na laringe em 2012. Depois dos resultados dos exames, o ex-presidente pretende retomar as viagens pelo país.
Os destinos não estão definidos, mas é possível que o líder petista visite Minas Gerais e as regiões Norte e Sul, além do interior de São Paulo.
Lula deve bater o martelo no começo do ano sobre a equipe de campanha. Não há definição, por enquanto, por exemplo, sobre quem será o marqueteiro, apesar de o jornalista e ex-ministro Franklin Martins já ter assumido o comando geral da comunicação do líder petista.
Também deve ser montada uma equipe para formular as propostas econômicas que serão apresentadas ao país. Lula determinou que, num primeiro momento, ninguém deveria falar de economia em seu nome ou apresentar medidas que seriam implantadas em um possível governo.
O programa de governo começará a ser elaborado após o anúncio da pré-candidatura. O PT quer usar como referência o Plano de Reconstrução do Brasil lançado pelo partido em setembro do ano passado com alternativas para o país sair da crise econômica que foi agravada pela pandemia da Covid-19. Gleisi Hoffmann garante, porém, que haverá conversas com os aliados para definir exatamente qual o conjunto de propostas que será apresentado na campanha eleitoral.