Opinião – Tadeu, o nosso Anastasia…

A expressão “quem tem prazo não tem pressa”, forjada por Marco Maciel, coloca-se entre a ansiedade dos políticos e a oportunidade do governador Eduardo Campos anunciar o candidato à sua sucessão. A expectativa envolve o vice-governador João Lyra, o ex-ministro Fernando Bezerra, alguns áulicos do poder e toda a virtual Oposição.

Dentre os nomes especulados, desponta o de Tadeu Alencar que, afora os laços de família, além do aspecto físico, tem perfil similar ao de Antonio Anastasia quando foi escolhido por Aécio Neves como candidato a governador de Minas Gerais. Obviamente, Anastasia foi melhor preparado. Mas, Tadeu Alencar, pernambucano por adoção, tem experiência em governança pública.

Credibilidade política e confiança institucional.

A sua escolha não é pedra fácil no xadrez político, mas também pode ser justificada por pesquisas sobre o perfil do candidato desejado pelos pernambucanos. Tal como foi em Minas, pode-se juntar o prestígio político do governador com a imagem de competência técnica do candidato, reforçada pela confiança irrestrita que deposita junto a seu mentor. Contudo, deve-se evitar a soberba.

Diz o adágio popular que os jovens são apenas sabidos e que o diabo é sábio porque é velho. Para Platão, o sábio é, sobretudo, o asceta, o que se esforça para se libertar dos condicionantes e das imperfeições da realidade para integrar-se ao mundo das ideias.

No Recife, até pouco tempo, a teoria política vinha sendo construída e reconstruída pela disputa grotesca entre interesses pessoais conflitantes. Um total desequilíbrio entre razão e emoção. Enganam-se aqueles que atribuem os feitos parciais a estratégias pessoais dos governantes. Não se inventam gênios do dia para a noite. A última eleição do Recife foi muito mais resultado de erros viscerais das lideranças do PT do que de acertos estratégicos do partido vitorioso.

Em Pernambuco, a expectativa do anúncio do nome do candidato ungido pela Nova Política está instalada em todos os partidos. É nessa espera que o moinho triturará sonhos e ilusões. As pesquisas de Opinião reforçarão as conveniências e justificarão técnica e politicamente a decisão sobre o perfil do nome escolhido. O processo pode não ser o mais democrático, mas na nossa democracia nem tudo é perfeito.

A imprensa – antes formadora de opinião – seguirá os desejos da manada.

Acólita das preferências do poder, abdicará de qualquer questionamento sobre o processo monárquico da escolha, mesmo que o candidato urgido seja privilegiado por laços de família.

Os políticos – afeitos aos predicados de engolir sapos – se quedarão a realidade da imagem que a sociedade tem sobre eles e se acomodarão ao conformismo das conveniências. Pragmáticos, se postarão para o lado que os ventos irão soprar ou aguardarão a recompensa pela novas tomadas de posição. Afinal as pessoas estão dispostas a passar o governo, não o poder.

A inspiração, vem das montanhas mineiras. Minas tem lições inspiradoras para todas as gentes, na medida em que tem os sertões de Guimarães Rosa.

Nesse aspecto, os netos de Tancredo e de Arraes estão aí para mostrar que o povo sabe e faz.

A disputa pela manutenção do poder nos seus estados e do Poder da República depende de suas estratégias. Para tanto, temos também o nosso Anastasia. Enfim, quando bater a ânsia respire fundo, pois o que se deve fazer é aguardar para ver e crer. Afinal, especular é a melhor forma de esperar e ver o carnaval passar.(Carlos Alberto Fernandes – Economista e professor da UFRPE)