No fim da tarde da última quinta-feira, o ator Igor Rickli, posou para as lentes de Felipe Souto Maior. Após um passeio de cavalo pelos cenários do teatro de Nova Jerusalém, Rickli, que viverá Jesus no espetáculo da Paixão de Cristo, conversou com o fotógrafo e contou um pouco sobre os desafios do papel, a relação com seu filho Antonio e projetos para o futuro. O espetáculo terá inicio no dia 28 de março e segue em cartaz até o dia 4 de abril. Confira a entrevista que ele concedeu a Felipe Souto Maior:
Felipe Souto Maior – Como aconteceu o convite para atuar na Paixão de Cristo?
Igor Rickli – Robinho, diretor da Paixão de Cristo, me ligou. Eu estava em temporada com a peça “Jesus SuperStar” e recebi a ligação. Achei até que fosse algum tipo de trote. Não tava esperando, tudo muito inusitado, porém, muito bem recebido. Eu sempre quis participar da Paixão, sempre tive bons olhos para esse espetáculo e acho tudo muito interessante. Então, quando veio o convite, fiquei extremamente feliz, porque eu tinha uma ideia do que era isso aqui e toda essa grandiosidade, mas não tinha noção real do que era. Hoje, estando aqui, vejo como é incrível esse trabalho.
FSM – O fato de já ter vivido o personagem no espetáculo “Jesus SuperStar”, da Broadway, vai ajudar na composição do Jesus de Nova Jerusalém?
IR – Lá, eu vivi o lado mais humano de Cristo, digamos assim, mas a mensagem é a mesma. De amor, perdão, de oferecer a outra face. Jesus veio abrir os olhos das pessoas em um momento de ignorância do povo. Isso é o mais bacana da história. Ele fez as pessoas enxergarem seu exemplo, sua mensagem. A peça da Broadway me trouxe muita bagagem, porque fiz muitas pesquisas, conversei com vários líderes espirituais e isso me revelou muita coisa que vou usar aqui também.
FSM – Tem como se preparar para viver Jesus?
IR – Tem. Principalmente seu espírito, sua cabeça, seu ego. Você tira tudo que possa atrapalhar essa mensagem. Não se colocar à frente, deixar que a mensagem conte, não deixar o ego colocar o ator à frente. A preparação é saber que existe algo maior e você saber se colocar à disposição disso. É claro que você precisa estudar muito, correr atrás, ler, saber e se informar. Não apenas ir para o lógico do Jesus amoroso e coitadinho. O Jesus que estou fazendo não é esse homem coitadinho e sofredor. Ele é um Jesus forte, que luta. É firme mesmo sendo amoroso.
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FSM – O papel reflete muita força e emoção. Como está sendo viver Jesus?
IR – É transformador. Não tem como você passar por essa experiência sem se modificar. Primeiro, você precisa tirar uma série de coisas suas para dar passagem a essa informação e isso mexe comigo nos lugares mais profundos. Mexe na sua cabeça, nos seus valores. Desde que venho estudando Jesus, tenho aprendido diariamente com ele. Estou achando incrível a possibilidade que estou tendo de trabalhar com isso e evoluir, pois minha busca real na vida é a evolução. Tudo que mais quero é um dia chegar em um lugar assim. Claro que isso nunca acontece, mas ter a chance de trabalhar contando essa história é um presente e tem me ensinado muitas coisas, muitos valores que tenho levado pra vida e aplicado no meu dia-a-dia.
FSM – Sua fé aumentou?
IR – Minha fé não aumentou. O que aumentou foi a certeza dessa história, porque antigamente essa história para mim era uma coisa muito nebulosa, cheia de lacunas, cheia de buracos e, hoje, enxergo tudo como devia e acredito realmente que isso aconteceu. O que, antigamente, isso era apenas uma possibilidade. Hoje, vejo isso como real, como aconteceu e a gente tá fazendo um eco do passado. Claro que existem várias metáforas em cima de tudo isso, mas isso é tudo muito forte. Talvez minha fé tenha aumentado sim.
FSM – Já vivenciou algum milagre?
IR – Não. Milagre a gente vê no dia-a-dia, só que talvez a gente nem perceba. Tem várias coisas que acontecem, até mesmo uma superação, você passar por cima do seu orgulho, passar por cima do medo… Grandes passos assim eu até acredito que sejam pequenos milagres. Às vezes não percebemos isso, mas colhemos e isso é gratidão. Sempre ter gratidão, não importa o tamanho do ato que seja. É sempre estar grato por tudo: estar vivo, aprendendo, repassando e respirando. Ter tudo na mão para que você passa trabalhar.
FSM – Qual a sua religião?
IR – Minha religião é o amor e o respeito. Eu não tenho uma religião especifica. Gosto de várias religiões e pego um pouco de cada. Espírita, budista, xamanismo. Deus é universal, ele não tem uma coisa de religião específica. Nem
Jesus tinha uma religião específica. Eu gosto do que enaltece o amor, o respeito, o que te faz olhar para o outro com um olhar consciente e despertar esse cuidado. Minha religião é o amor mesmo. Meu pai me dizia isso, desde pequeno, e trouxe isso pra minha vida. Graças a Deus tive um pai que me apresentou a isso muito cedo. A verdadeira religião é o amor, Deus assume todas as coisas e o próximo como a ti mesmo. É isso que eu carrego.
FSM – Está com alguns planos em andamento? Algum projeto futuro?
IR – Tem muitas coisas para acontecer. Saindo daqui, volto para as gravações da novela [Alto Astral], para fazer as cenas finais com a Samantha (Cláudia Raia) e não penso em tirar férias. Estou vendo alguns projetos com novela. Teatro não penso em voltar tão cedo, porque quero me dedicar à TV e ao cinema. E, também, já fiz algumas peças emendadas. Vou deixar a vida me levar.
FSM – E a vida de pai? Como está sendo esse momento na sua vida?
IR – É o mais legal de tudo. Ele é meu presente. Olho pra cara dele e já vejo as minhas expressões. É muito assustador. Mas é o máximo ter um ser humano na tua mão, totalmente dependente de você, te copiando. Você faz um careta, ele faz igual. É a maior responsabilidade que você tem na vida: é criar um ser humano e passar os valores correto da vida. Eu espero passar o melhor de tudo que já aprendi para ele, para que ele possa ser um homem incrível, iluminado, consciente e que venha para ajudar.
FSM – Pensa em ter mais filhos?
IR – Se Deus quiser, daqui há um ano e pouco a gente vai ter outro. Se não acontecer a gestação, vamos adotar. Quero minha casa cheia. (Risos)
Blog João Alberto