No Recife, Marina diz que o país será entregue pior…

marina2

No primeiro ato de campanha nas ruas após ser oficializada candidata à Presidência pelo PSB, a ex-senadora Marina Silva fez uma caminhada, na manhã deste sábado (23), na Zona Norte do Recife. O corpo a corpo com o eleitorado pernambucano é simbólico já que ela substituiu o ex-governador do estado, Eduardo Campos, morto há dez dias em um acidente aéreo. Durante o evento, a candidata falou que vai priorizar o Nordeste, criticou ministérios liderados por anônimos no governo petista e repetiu o discurso de Campos ao afirmar que a presidente Dilma Rousseff vai entregar o país pior do que estava.

‘Itamar não era gerente, mas tinha visão estratégica. Fernando Henrique era acadêmico, mas tinha visão estratégica. Lula era operário, mas também tinha visão estratégica. É por isso que equilibraram economia e reduziram inflação. É por isso que eles entregaram o país melhor. É a primeira vez que vai se entregar o país em uma situação pior. O Brasil precisa de visão”, afirmou Marina.

A ex-senadora ainda criticou as alianças construídas pelo atual governo, no estilo ‘toma lá, dá cá’. “Não é possível que as pessoas não aprendam que temos que nos libertar da velha República. O PT e PSDB fazem a polarização, não se escutam. A nossa disposição é das alianças certas. Chega de ministérios comandados por pessoas anônimas, que a gente não sabe nem que é, é apenas para ter um pedaço do estado para chamar de seu”.

A caminhada começou às 10h25, com quase uma hora e meia de atraso, no bairro de Casa Amarela. A comitiva passou como uma avalanche pelas ruas estreitas da comunidade do Alto do Mandu. O esgoto escorrendo ao ar livre, os buracos, placas de propaganda e carros estacionados nas calçadas atrapalharam o andamento da militância e populares.

Carros e bicicletas com equipamento de som disparavam frases ditas por Eduardo Campos na época em que fazia campanha. Inclusive, o material da campanha ainda trazia Marina Silva como vice de Campos. Nenhuma propaganda tinha o nome do novo vice, o deputado federal Beto Albuquerque, que participou da caminhada.

Sorridente, sem apresentar cansaço, Marina Silva abraçou e tirou fotos com eleitores. A estudante Tatiane Araújo, 19 anos, furou o bloqueio da segurança e pediu que a candidata “fizesse pelo Nordeste o que Eduardo Campos prometeu”.

Marina Silva também entrou na casa de vários moradores para conversar e beber água. Da doméstica Sandra Araújo, a candidata ouviu um pedido para que os pobres não sejam esquecidos. “Vou votar nela porque Eduardo tinha escolhido ela como vice”, disse.
A desempregada Verônica Santos reforçou que “o Nordeste estava de luto e que votaria nela por ser a representante de Eduardo”. O técnico em telecomunicações também cobrou que ela “cumpra com as promessas de Campos”.

A ex-senadora caminhou acompanhada também pelos candidatos da Frente Popular ao governo estadual, Paulo Câmara (governo), Raul Henry (vice) e Fernando Bezerra Coelho (senado), além do prefeito do Recife, Geraldo Julio, e pelo governador do estado, João Lyra, ambos do PSB.

O percurso até o Mercado de Casa Amarela durou cerca de uma hora. Em discurso, Marina Silva pediu votos para os candidatos do PSB em Pernambuco e também falou que vai tomar uma posição firma em relação ao Nordeste brasileiro.

“O Nordeste não é um problema para o Brasil, é uma solução, desde que seja tratado como merece, não seja visitado apenas em eleição para diminuir a diferença dos votos, seja tratado com as prioridades que precisa. Precisamos criar os meios para que essa região possa se desenvolver”, disse.

De acordo com a assessoria da candidata, a comitiva se reunirá para almoço na casa de Paulo Câmara, no bairro da Madalena, Zona Oeste da capital. Depois, ela grava depoimento em estúdio para a campanha do candidato estadual. Às 17h, haverá outro ato político em um clube no Recife para marcar o lançamento da candidatura da presidenciável. (G1)

Marina Silva em caminhada na Zona Norte do Recife (Foto: Luna Markman/G1)
Marina Silva fez ato na capital junto com companheiros de Eduardo Campos (Foto: Luna Markman/G1)