Com apenas 13 anos, o morador de Barreiras, oeste baiano, Felipe Mota dos Santos, passou no curso de Engenharia da Computação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele conquistou 669,32 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), maior que a nota de corte determinada pela universidade. Agora, o menino que ainda nem começou a cursar o ensino médio busca na Justiça o direito de garantir a vaga no ensino superior, conquistada após inscrição da nota no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
“O caso dele é uma situação excepcional, no qual vamos pedir uma autorização, para que ele possa conseguir realizar o supletivo. E, em sendo aprovado no supletivo, consiga ingressar na universidade”, disse o advogado Delbo Corado. “Queremos assegurar essa vaga até o segundo semestre e aí tentar, via judicial, que ele faça o CPA [CPA-Supletivo], e no segundo semestre, a gente dê posse do certificado do Ensino Médio dele para conseguir a matrícula”, acrescenta a defesa.
O adolescente afirma que o interesse em fazer a prova do Enem surgiu quanto tinha 12 anos, quando viu a propaganda da avaliação, em 2013. Os planos foram adiados, no entanto, para 2014.
“Acabei pensando que não poderia me inscrever. Comentei com minha mãe que eu só faria Enem quando estivesse no ensino médio. Daí ela me deu a opção de fazer já no ensino fundamnetal. Na época, eu estava na sétima série e ela deu a sugestão de eu fazer em 2014. Em 2014, já sabia que eu iria fazer o Enem desde o início do ano. Mas só comecei a estudar, de fato, em meados de junho de 2014, quando a inscrição já tinha sido feita. Como o Enem é uma prova muito extensa, eu só queria fazer quando não precisasse de tanto empenho para o colégio”, explicou ao G1, na tarde desta terça-feira (3).
No dia da prova, ele lembra que estava “um pouco nervoso”. “Se deparar com 90 questões no primeiro dia, não foi fácil”, afirmou. Do total, ele conseguiu acertar 44 questões. Pensou então que precisaria recuperar os pontos perdidos no dia seguinte e resolveu focar o esforço na prova de matemática, como conta. “É uma matéria que gosto e para recuperar os pontos perdidos no primeiro dia. Acertei 35, das 45 questões. Em português, fiz uma boa nota e, na redação, tenho facilidade e para mim foi fácil”, relatou o garoto.
Ele comenta que considera positivo o tempo para a construção da redação. “Eu consigo criar uma boa base ágil. Tem pessoas que, em uma hora, não acham suficiente. Para mim, isso é mais que suficiente. Quando leio o tema e os textos bases, já tenho a noção do que farei na redação. Isso contribuiu para eu tirar a nota de 760 na redação. Essa foi minha preparação”, comenta.
Felipe já planeja a vida na universidade e imagina a convivência com colegas mais velhos. “Eu acho que vão me considerar super gênio ou coisa assim, mas quero que eles me vejam como uma pessoa normal, igual a todos, e com um mesmo objetivo, que é o de crescer. Não gosto de pensar no futuro, não de uma maneira detalhada. Nunca imaginei que estaria nessa fase. Eu estou indo para a Paraíba não sei quando”, comenta. O adolescente se considera participativo e sociável no colégio. “Desde a alfabetização, eu comecei a aprender coisas mais complexas e pulei do infantil 1 para a alfabetização. Nunca parei. Sempre estudei, me dediquei, sou muito focado”, conta. (G1)