Por César Muñoz Acebes*, na Folha de São Paulo.
As prisões pernambucanas se tornaram verdadeiros empreendimentos privados. Imagine, se puder, como é estar preso ali. Por R$ 2.000, você pode comprar um “barraco”, cubículo de madeira onde poderá jogar um colchão. Se você não tiver dinheiro, terá de competir com outros presos por algum espaço para dormir no corredor.
Para passar o tempo, você pode consumir cachaça artesanal, maconha e crack. Está sem grana? Você pode comprar a crédito, pelo dobro do preço, e pagar no próximo fim de semana, quando sua mãe lhe trouxer dinheiro. Você, porém, terá de separar uma parte para pagar uma “cota” semanal, ou será espancado.
Quem embolsa os lucros é o “chaveiro”, o preso que goza da confiança das autoridades do presídio. Cada chaveiro recebe as chaves de um pavilhão e exerce o controle sobre ele. O chaveiro usa uma milícia, formada por outros presos, para espancá-lo, caso você conteste sua autoridade ou deva dinheiro a ele.
Ele também pode fazer com que você termine em uma cela de castigo. Os agentes penitenciários fazem vista grossa, ou recebem propina.
Continua…