A hora mais escura…

André Singer – O Folha de S.Paulo Domingo, 28 de outubro. Vou à janela e não enxergo tanques. Ligo a televisão e ouço o presidente eleito jurar que o seu “governo será um defensor da Constituição, da democracia e da liberdade”. No dia seguinte, abro o jornal e leio que a Folha se declara “confiante na Constituição de 1988, na força da democracia brasileira e na construção de um país para todos”. Por que, então, a vitória de Jair Bolsonaro, com 58 milhões de votos sobre 47 milhões de Fernando Haddad, me parece prenunciar um golpe contra a liberdade? Porque um projeto autoritário alcançou o governo com respaldo popular. E, do ponto de vista da hegemonia, a maioria nas urnas dá mais poder aos antidemocratas do que os tanques de 1964. “Mas veja”, me dizem colegas, “aí estão as instituições democráticas, funcionando a pleno vapor para preservar o Estado de Direito”. Por exemplo: ao entrevistar o […]

No ministério, Bolsonaro entrega o que prometeu…

Josias de Souza Em meio a interrogações e exclamações, Jair Bolsonaro vai entregando, até o momento, o que havia prometido: um ministério sem interferências partidárias. Poderia cercar-se de auxiliares medíocres. Preferiu encostar suas limitações em personalidades fortes. Três se destacam: o general Augusto Heleno, o economista Paulo Guedes e, sobretudo, o juiz Sergio Moro. Com Heleno, Bolsonaro entregou as Forças Armadas a um estrategista que os militares respeitam muito. Com Guedes, confiou a economia a alguém que pode ser acusado de ultraliberalismo, não de desconhecimento técnico. Com Moro, Bolsonaro impermeabilizou sua futura administração com o verniz da Lava Jato. Bolsonaro deu a Heleno, Guedes e Moro poder e estrutura de superministros. A partir de janeiro, haverá uma pulverização de atribuições e decisões que tende a fortalecer a entidade chamada “ministério” em detrimento da instituição presidencial. A atuação dos superministros da Defesa, da Economia e da Justiça pode passar a impressão […]

Haddad ia à mesa com Jarbas. Agora, tem declaração de apoio…

Quando o presidenciável Fernando Haddad cumpriu agenda no Estado no 1º turno, nos últimos dias 22 e 23 de setembro, a programação incluía um encontro com o deputado federal Jarbas Vasconcelos. A informação circulou nos bastidores apenas. A reunião dos dois, no entanto, acabou não se concretizando devido a um atraso no voo do petista, como a coluna cantara a pedra. Hoje, Haddad desembarca no Recife. Desta vez, sem previsão de encontro com o emedebista, mas um dia após o correligionário Humberto Costa anunciar o apoio do ex-governador de Pernambuco ao seu projeto presidencial. O senador petista falou, na manhã de ontem, ao telefone com Jarbas Vasconcelos. “Com a brilhante história de luta que tem em defesa da democracia, Jarbas se mostra coerente com seus princípios ao se posicionar, mais uma vez, na sua vida pública, ao lado do povo e das causas democráticas. É uma grande chegada à nossa […]

Susto benéfico: Bolsonaro não tem cheque em branco…

O Globo – Por Merval Pereira A manutenção de distância confortável do candidato Jair Bolsonaro a quatro dias da eleição presidencial mostra como os votos cristalizados dos dois candidatos praticamente impedem uma reviravolta na reta final, a não ser que algo inacreditável aconteça. Em vez de uma bala de prata, o PT gastou várias, e nenhuma acertou o alvo. Mas balançaram a antes inabalável situação de Bolsonaro: o número de pessoas que não votariam nele aumentou, superando os que votarão com certeza. E diminuiu a rejeição ao candidato petista. Embora a diferença esteja na margem de erro, é uma boa nova para Haddad, oferecida pelo próprio adversário e os seus, que continuam sendo os principais adversários deles mesmos. O suposto escândalo das mensagens inverídicas de WhatsApp, baseado em uma denúncia jornalística inepta, acabou sendo soterrado pelo próprio candidato petista Fernando Haddad, que se precipitou em divulgar uma fake news de […]

Fernando tem tudo para ser o antagonista do PSB …

Entre meados de 2017 e 2018, o senador Fernando Bezerra Coelho rompeu com o PSB e filiou-se ao MDB no sentido de garantir o comando do partido e ser candidato a governador nas eleições deste ano. A jogada audaciosa de Fernando de buscar comandar um dos partidos mais importantes do Brasil tinha um risco muito bem calculado, e poderia fazer dele um candidato competitivo a governador ou inviabilizá-lo para o processo eleitoral, qualquer que fosse o resultado ele estaria no lucro porque tinha mais quatro anos no Senado. Como todos sabem, a empreitada do MDB acabou não se viabilizando, tirando-o do processo eleitoral, porém ele deixou de ser um coadjuvante do PSB para ser um dos principais pilares do projeto oposicionista. Há quem afirme que se Fernando tivesse viabilizado o MDB e consequentemente a sua candidatura teria feito frente a Paulo Câmara, colocando em risco a reeleição do governador. No […]

Palácio construiu força política maior do que em 2014…

Nas eleições de 2014 a Frente Popular foi impulsionada pela comoção gerada pela morte de Eduardo Campos, que havia montado a maior frente política da história de Pernambuco. Naquela ocasião Paulo Câmara elegeu-se com uma expressiva votação e fez uma maioria política significativa tanto na Câmara dos Deputados quanto na Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém o sentimento de muitos é o de que Paulo Câmara só chegou ao Palácio por conta do fatídico acidente, e precisava de uma demonstração de força para ganhar legitimidade política. As eleições de 2016 trouxeram resultados pouco animadores para o Palácio, que viu aliados perderem em Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Ipojuca, Belo Jardim, Caruaru, Araripina, São Lourenço da Mata e cidades menores mas representativas que dariam uma grande preocupação ao governo na reeleição. Além do resultado do pleito municipal e das dificuldades do governo, Paulo Câmara foi perdendo alguns aliados como o senador Fernando Bezerra […]

O discurso pela segurança atinge até a Suprema Corte…

Impulsionados pela força do bolsonarismo, dezenas de policiais civis e militares se elegeram para as casas legislativas do país. Em Pernambuco o saldo foi modesto, mas ainda assim o Estado não passou em branco. Elegeram-se os delegados Gleide Ângelo e Erick Lessa e o ex-soldado Joel da Harpa, sendo que a primeira foi a campeã de votos para a Assembleia Legislativa, obtendo votação recorde na história política do Estado. Os três estarão na linha de frente em defesa de suas instituições, assim como ex-secretário de Segurança, Antonio Moraes, delegado de polícia aposentado. São Paulo também surfou na onda bolsonarista, elegendo para senador o deputado federal Major Olímpio, filiado ao PSL, sem esquecer também que um cabo do Rio de Janeiro, Daciolo, que se elegeu à Câmara Federal em 2014 após liderar uma greve de bombeiros militares, disputou este ano a Presidência da República pelo Patriotas e obteve mais votos que […]

Boa notícia: Renan não quer comandar o Senado…

Reeleito numa eleição em que os brasileiros jogaram ao mar velhos caciques da política, Renan Calheiros retornou a Brasília expressando-se como uma espécie de ex-Renan. O velho senador já não apoia nem a si mesmo. Diante de notícias sobre seu interesse em reassumir o comando do Senado, Renan apressou-se em anotar no Twitter: “Não sou candidato à presidência do Senado. Não cogito e não quero. Já fui presidente quatro vezes, sendo o senador que mais se elegeu para esse cargo desde a redemocratização. A presidência não pode ser um fim em si mesmo e não há escassez de bons nomes. Essa agonia é para fevereiro.” O desinteresse de Renan é uma notícia muito boa. Mas convém retardar o estouro dos fogos até fevereiro. A experiência mostra que, mais cedo ou mais tarde, Renan acaba correspondendo aos que não têm nenhum motivo para confiar nele.  (Josias de Souza)

Alepe já respira eleição da mesa diretora …

Desde que Guilherme Uchoa assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco em 2007 que foram cinco eleições subsequentes com a mesma liderança política ocupando o principal cargo da mesa diretora, durante quatro eleições da mesa, João Fernando Coutinho ocupou a primeira-secretaria, e durante as outras duas o cargo foi ocupado por Diogo Moraes que segue exercendo a função até 31 de janeiro de 2019. Antes disso, a Assembleia Legislativa de Pernambuco já havia experimentado uma hegemonia de Romário Dias, que foi eleito para três mandatos como presidente, o que fez com que em dezoito anos a Casa tivesse apenas dois presidentes, praticamente duas décadas sem muita alternância de poder na Casa Joaquim Nabuco. Com a morte de Guilherme Uchoa em julho, a Alepe experimentou um presidente diferente, que foi a escolha de Eriberto Medeiros para a eleição suplementar da mesa em agosto. O atual presidente da Casa estava com […]