Tripulante do voo da Chapecoense: ‘Não houve aviso de emergência’…

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O tripulante Erwin Tumiri concedeu ontem (4) uma entrevista exclusiva ao “Fantástico” em que ele faz duas revelações. A primeira, a de que em nenhum momento os pilotos avisaram aos passageiros e a tripulação de que a aeronave estava enfrentando uma emergência. A segunda, relacionada à causa da queda, foi ter sido informado pouco antes da decolagem que não haveria a escala para reabastecimento em Cobija, na Bolívia.

— Como técnicos, nós recebemos o plano de voo, e nós nos preocupamos. A Lamia tem os seus gerentes que estipulam o volume de combustível. Eu faço meu trabalho (abastecer), e sigo o que me mandam. Eu fiz o relatório de que íamos até Cobija, mas no momento da decolagem quando voltei a perguntar: “Vamos até Cobija?” Foi quando me responderam “Não, vamos direto a Medellín“. Mas acho que pode não ter sido uma boa ideia a do piloto ou a do responsável.

Ele contou ainda que no final do voo, quando estavam prestes a pousar, falava com o técnico da Chapecoense, Caio Júnior, e ele lhe ensinava a falar português. Ele voltou para a Bolívia nesse fim de semana e disse que quer continuar com o seu trabalho e terminar o curso de pilotagem.

Continua…

— As luzes se apagaram e o avião começou a vibrar achei que fosse o pouso. Apenas ouvi um barulho e não me lembro de mais nada — declarou Erwin, que na queda, não teve sequer a chance de assumir a posição de emergência.

O sobrevivente disse que, durante o resgate, ele pediu para que as pessoas ajudassem primeiro a aeromoça Ximena Suárez, que também sobreviveu. O boliviano lembrou o momento da queda: 

— Era como um pesadelo. Acordei e pensei: “O que foi que aconteceu aqui?” Peguei a lanterna e também comecei a gritar. Pensei que, piscando a lanterna, iriam me ver. Ximena estava a cerca de cinco metros de mim. Levantei assustado, levantei de repente e corri em direção a ela. Estava muito escuro e pensei em ir em direção ao aeroporto, porque vi um avião.

Erwin falou que viu muitos corpos espalhados, mas que não havia mais nada a fazer.

— Lá em cima, parei e ouvi uma pessoa falando com sotaque brasileiro. Fiquei falando com ela porque queria que ela continuasse ali, falando. Era um jeito de ajudar. (O Globo)