Sem mudanças, vamos ter caixa 2 nas eleições de 2018, diz Gilmar Mendes…

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse ontem, 3, que certamente haverá uso de caixa 2 na campanha de 2018 se não houver uma reforma política. O ministro afirmou que é preciso encerrar “esse ciclo de vale-tudo que vivemos até aqui”.

“Vai ser certamente uma eleição muito judicializada e também policiada. Se não houver mudança no sistema, por conta da inexistência de recursos públicos e privados, certamente nós vamos ter caixa dois. Vamos ter dinheiro do crime, toda essa instabilidade. Vai ser uma eleição policiada e policialesca”, disse Mendes, após reunião com parlamentares da Comissão da Reforma Política da Câmara.

Ao falar com jornalistas depois da reunião, o ministro admitiu estar preocupado com todas as investigações em andamento, envolvendo desvios de recursos e negociações de partidos em torno de coligações. “Isso vai levar certamente ao Supremo daqui a pouco a reagir, como reagiu à doação corporativa. Se não vier uma reforma política, isso vai fazer com que provavelmente o Supremo proíba também as coligações”, ressaltou.

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Para Gilmar Mendes, a corrupção da política leva à corrupção do modelo democrático, ao afastamento das pessoas, “e aí começamos a ter todos esses devaneios e aventuras que podem comprometer todo o patrimônio que construímos”.

Indagado sobre quais seriam esses “devaneios e aventuras”, o ministro respondeu que talvez a Venezuela fosse a democracia mais sólida na América Latina até um tempo atrás. “Eu não preciso contar o que aconteceu lá. A corrupção levou à situação que tem hoje”, frisou.

Sobre o financiamento das campanhas, Mendes disse que não há possibilidade de regresso à doação corporativa, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não há como voltar. A partir daí, o que podemos fazer? Modelo de pessoas físicas de doação, que deve ser aumentada, e certamente fundos públicos. Mas como fazer fundos públicos para distribuição a candidatos? Tivemos 460 mil candidatos a vereadores, como distribuir dinheiro para essa gente toda? Por isso que a discussão de lista tem a ver com isso. Não podemos desconectar essas duas discussões”, comentou.

O presidente do TSE traçou paralelo entre o atual contexto político e a crise econômica vivida pelo País no início da década de 1990. Para Mendes, o Brasil conseguiu dar um “salto de qualidade” e “mudou seu padrão civilizatório” com a instituição do Plano Real.

“Nós precisamos fazer nesse campo o que se fez no Plano Real. Um Plano Real no âmbito da política. Trazer o Brasil para um plano civilizatório no que concerne a política encerrando esse ciclo de vale-tudo que vivemos até aqui”, disse. (GP)