Oposição fecha questão e projeto majoritário também pesa no PSB…

A reunião na qual os partidos de esquerda oficializaram, ontem, voto contra o relatório da Reforma da Previdência ocorreu na sede do PSB. Os socialistas fazem parte de um bloco de oposição ao governo Bolsonaro que inclui PT, PDT, PSOL e PCdoB. Além do trabalho que vem sendo desenvolvido de forma integrada, o que gera uma dificuldade política para socialistas tomarem posição isolada, três pontos se somam nessa conta para fazer com que a maior parte da bancada não mude de ideia em relação ao texto. Do ponto de vista nacional, há resistência, segundo avaliações internas, do presidente, Carlos Siqueira que, de forma contundente, vem contestando a reforma. De outro lado, a bancada segue dividida e parte expressiva está disposta a votar contra. Do ponto de vista local, o PSB possui um projeto majoritário para 2020 que tem o deputado João Campos como protagonista e, até o momento, João não sinalizou que mudará de ideia nos contrapontos que já fez ao texto. Na CCJ, ele apontou mais de 15 inconstitucionalidades referentes à matéria. Em outras palavras, ainda que o governador Paulo Câmara não tenha dificuldades de tratar do tema, como já revelou a pessoas próximas, e que a resistência da bancada tenha sido apontada por palacianos como empecilho, a posição de João Campos anda sintonizada com o discurso mais duro anti-Bolsonaro que o prefeito do Recife, Geraldo Julio, tem adotado.

Na bancada do PSB, há quem avalie que o governador, alvo de cobranças para impulsionar os votos da bancada a favor da reforma, terá dificuldade de levar o PSB para essa proposta em virtude dos planos majoritários da sigla. Em 2018, o voto do, então, senador e candidato ao Governo do Estado, Armando Monteiro, a favor da Reforma Trabalhista foi o tópico que gerou embates dos mais duros da campanha eleitoral. Paulo polarizou com Armando, que teve dificuldades de explicar a posição. Em 2020, há novo teste nas urnas e o peso da redes sociais e a pressão popular mobiliza socialistas que, por sua vez, não querem deixar brecha para que o PT e PDT, no Estado, preencham no exercício da oposição ao Governo Federal. (Renata Bezerra/Folha de Pernambuco)