Opinião: Saída de aliados é efeito-colateral da estratégia de nacionalizar campanha

Por Carol Brito/Folha de Pernambuco – Após disputar eleições apostando em arcos amplos de partidos, a Frente Popular vê um movimento de dissidência de aliados para a chapa da pré-candidata ao Governo Marília Arraes (SD). Na próxima segunda, o deputado federal André de Paula (PSD) oficializa sua aliança com a legisladora para ser o seu senador, enquanto PP e Avante podem ser as próximas siglas a anunciarem apoio à ex-petista. A saída, contudo, faz parte de um cálculo político feito pelo PSB, que atravessa os contextos local e nacional. Esse desenho foi traçado desde a indicação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até a cada vez mais provável presença da deputada estadual Teresa Leitão (PT) no Senado da chapa do pré-candidato ao Governo Danilo Cabral (PSB). A leitura da campanha socialista é que não há espaço para terceira via nessa eleição. O tom da corrida às urnas será direita contra a esquerda. E o PSB quer que seu projeto tenha uma cara 100% de esquerda, o que será refletido na chapa majoritária. Tanto que os nomes cotados para a vice são do PCdoB e PDT. Em uma disputa polarizada, a popularidade de Lula no Nordeste é o ponto de desequilíbrio nas disputas nos estados da Região. Ter lideranças ligadas ao palanque do presidente Jair Bolsonaro na coligação da adversária do Solidariedade, que tenta associar sua imagem a Lula, é visto, inclusive, como um ponto a ser explorado. “Em que pautas André votou na Câmara? As do Governo Bolsonaro. Qual partido tem uma frente bolsonarista? O PP. Já nós vamos apostar na esquerda”, diz uma fonte socialista, em reserva.