Opinião: Os exemplos de Arraes, Lula e Eduardo

Por Edmar Lyra – Quando foi candidato a governador de Pernambuco pela primeira vez, Miguel Arraes buscou o então deputado estadual Paulo Guerra, aliado de Agamenon Magalhães, para ocupar o cargo de vice-governador em sua chapa nas eleições de 1962. Paulo Guerra era do PSD, considerado à época um partido de centro, mas que tinha como candidato Armando Monteiro Filho, enquanto a UDN lançou João Cleofas.
A aliança de Arraes com Paulo Guerra, oriundo da centro-direita, o levou pela primeira vez ao Palácio do Campo das Princesas numa eleição apertadíssima contra João Cleofas, da UDN. Arraes foi eleito por uma aliança do PST e o PTB, considerados à época legendas nanicas perante o PSD e a UDN. A aliança de Arraes com Paulo Guerra ajudou a derrotar o candidato apoiado pelo governador Cid Sampaio, João Cleofas.
Na eleição de 1986, Arraes aliou-se a centro-direita ao trazer consigo o ex-prefeito do Recife, Antônio Farias, que havia sido nomeado pelo regime militar, para ser candidato ao Senado em sua chapa. Enquanto em 1994, Miguel Arraes atraiu para o seu palanque o ex-ministro Armando Monteiro Filho, que em 1962 foi seu adversário na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas.
Em 2002, Lula para eleger-se presidente buscou o empresário José de Alencar, que era senador por Minas Gerais, para conseguir ingressar no segmento empresarial e reduzir as restrições desta parte da sociedade ao projeto do Partido dos Trabalhadores. A história se repete em 2022 quando Lula busca seu ex-adversário Geraldo Alckmin para consolidar uma aliança mais ao centro para tentar voltar ao Palácio do Planalto.
Eduardo Campos, por sua vez, aliou-se na época ao PP, partido de origem de direita e ao então deputado federal Inocêncio Oliveira, que havia deixado recentemente o PFL na condição de um dos principais expoentes do partido para consolidar sua postulação no PL, e acabou apoiando o nome do PSB, dando-lhe a retaguarda e a tração necessária para garantir a competitividade do candidato do PSB em 2006.
Na reeleição, em 2010, Eduardo sabia que quem ele colocasse seria eleito senador em sua chapa, e decidiu além de Humberto Costa, do PT, levar para a sua chapa o então deputado federal Armando Monteiro Neto, que teve seu primeiro mandato pelo PSDB em 1998.
Inspirada em Lula, Arraes e Eduardo, Marília busca repetir a história, ao levar para o seu palanque o deputado federal André de Paula. Oriundo da direita, do PFL, e hoje no PSD para viabilizar seu projeto na tentativa de chegar ao Palácio do Campo das Princesas. Apesar de ter origem no PFL, André tem mais de dez anos que está filiado ao PSD e marchou com o PSB nas eleições de 2012, 2014, 2016, 2018 e 2020, e também esteve junto com o PT na eleição de 2018 apoiando para o Senado o principal expoente petista no estado, Humberto Costa.