Opinião: Orçamento ameaçado

Por Magno Martins – Lula chegou, ontem, a Brasília para tentar negociar a aprovação do orçamento de 2023, que passa também pela PEC fura-teto, ou seja, a tentativa de destravar o andamento da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que libera espaço no Orçamento de 2023 para bancar promessas de campanha do petista.
Não será tarefa fácil. Tudo leva a crer que o presidente eleito não vai conseguir aprovar o orçamento. O mais provável é que seja prorrogado o orçamento de 2022 por três ou quatro meses, no qual será embutido o Auxílio Brasil de R$ 600, que Lula quer rebatizar e Bolsa-Família. Se isso acontecer de fato não será nenhuma novidade.
No Governo Dilma, ela só teve orçamento novo em abril e o mundo não desabou na cabeça de ninguém. A negociação do novo orçamento envolverá muitos interesses e não há mais tempo útil para isso. Com jogos do Brasil pelo meio, o Congresso só terá, na prática, oito dias para aprovar o orçamento.
Parlamentares não reeleitos não estão nem aí para o orçamento e os bolsonaristas farão corpo mole para criar dificuldades para Lula e o PT. O novo orçamento tem mais de seis mil emendas para serem apreciadas por um Congresso com má vontade, de olho na Copa e ainda sob o domínio do presidente Bolsonaro.
A discussão envolve também orçamento secreto e Lula ainda não tomou nenhuma decisão em relação ao assunto. O presidente eleito erra ao confiar no presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas este não vai arriscar sua reeleição para o cargo, marcada para fevereiro, de forma que não seja muito contida e planejada.
Cenário nebuloso – Ao contrário do que a mídia tem dito – que Lula tende a anunciar de imediato a sua equipe econômica – a confirmação de Fernando Haddad na pasta da Fazenda passaria a ser, ao contrário, um imenso complicador em razão da ciumeira que irá gerar entre os demais integrantes da equipe de transição que já estão se achando ministros empossados, cada um com seu latifúndio.