Opinião: Nó paulista engessa Lula

Por Magno Martins – Enquanto o ex-governador Márcio França (PSB) se mantiver no páreo como pré-candidato a governador de São Paulo, em confronto aberto com o pré-candidato do PT, Fernando Haddad, o ex-presidente Lula permanecerá de mãos atadas para ampliar alianças que priorizou nos demais Estados, inclusive Pernambuco, frutos da negociação na qual o ex-governador tucano Geraldo Alckmin, agora socialista, virou seu companheiro de chapa na corrida ao Planalto.
Na semana passada, França teve uma longa conversa com Lula. O ex-presidente quer que ele abra mão da disputa ao Governo paulista e seja candidato a senador na chapa de Haddad. Na conversa, França alegou que teria dificuldades para se eleger senador competindo com Datena, apresentador de TV e que aparece na liderança em todas as pesquisas de intenção de voto. Mas, ontem, Datena jogou a toalha e isso como argumento cai por terra.
Se sair candidato, França criará enormes dificuldades para Lula, porque o obrigará a subir em dois palanques no maior colégio eleitoral do País. Criará, ao mesmo tempo, um precedente para Marília Arraes, pré-candidata ao Governo de Pernambuco, exigir de Lula o mesmo tratamento dispensado a São Paulo.
No caso de Pernambuco, Danilo Cabral, pré-candidato do PSB, exige exclusividade no apoio do petista. Se Márcio França abrir mão da disputa e fechar entendimento para tentar o Senado, o PSB colocará a faca no pescoço de Lula, não permitindo que faça qualquer gesto com Marília. Caso contrário, Lula terá até dificuldades para vir a Pernambuco. O que ouvi, ontem, de um petista prestigiado por Lula, é que o ex-presidente ainda não definiu a data que estará em Pernambuco por causa do imbróglio paulista.
No páreo – O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, diz que Márcio França reafirmou a Lula a sua intenção de se manter no páreo na disputa pelo Governo de São Paulo. “O Márcio me contou que teve uma boa conversa com o Lula, mas disse que mantém a sua candidatura ao governo paulista”, afirmou Siqueira. Um dos trunfos de França propagados para a eleição de São Paulo é contar com Alckmin como seu cabo eleitoral exclusivo, abrindo a vice para Lu Alckmin, esposa do ex-governador.