Opinião: A rebelde Marília

Por Magno Martins – Faltando 15 dias para o fechamento da primeira e importante etapa do calendário eleitoral, a chamada janela partidária, pela qual a legislação permite o troca-troca de partido, o quadro estadual começa a criar uma nova configuração. Quem saiu na frente foi a deputada Marília Arraes. À frente de todas as pesquisas, tanto para o Governo quanto para o Senado, a deputada está rifada pelo seu partido, o PT.
Por isso, está sendo cortejada por vários partidos, do MDB ao PP. O mais provável, entretanto, é que se filie ao Solidariedade (SD) por um simples motivo: é uma legenda dentro do arcabouço do projeto presidencial de Lula, tem fundo eleitoral e tempo de TV, além de seu comando no Estado ter aberto um vácuo com a decisão do atual presidente, Augusto Coutinho, de ir em busca de uma outra legenda para salvar o seu mandato.
O veto a Marília é explícito do PT pernambucano. Tem nome e sobrenome: Humberto Costa, que não quer perder a liderança do partido no Estado para ninguém, muito menos Marília, que, eleita, assumiria naturalmente um papel preponderante no campo da esquerda, vindo, mais cedo ou mais tarde, a dar as cartas no PT estadual, ficando Humberto numa posição secundária.
Marília pode até ser candidata ao Palácio das Princesas, mas a maior motivação dela, hoje, é o Senado, o que pode levá-la a fazer uma composição com Raquel. O entrave para o entendimento, no início, era a falta de uma opção partidária, mas acolhida no SD, Marília pode abrir no Estado outra frente pró-Lula, além do PT.
Só falta, enfim, amarrar o discurso com Raquel, porque Marília quer pedir voto para Lula, enquanto a tucana tem compromisso com João Dória, que tende a não ser candidato. Sem pontuar nas pesquisas, o governador paulista pode apoiar a senadora Simone Tebet, pré-candidata da coligação MDB-União-Brasil-PSDB.