Marília Arraes pode disputar a prefeitura do Recife em 2020…

Desde a sua fundação em 1980 que o PT disputou absolutamente todas as eleições municipais do Recife. A primeira em 1985 com Bruno Martiniano, Humberto Costa foi o nome em 1988, 1992 e 2012, João Paulo foi em 1996, 2000, 2004 e 2016 e João da Costa em 2008. Se a aliança com o PSB prosperar em 2020 será a primeira vez na história que o PT não terá candidato próprio a prefeito do Recife.

Apesar de a possibilidade de aliança entre PSB e PT existir para 2020, há um sentimento crescente no diretório nacional do partido que o processo de 2018 foi muito truculento com Marília Arraes para retirá-la do páreo, e agora não há argumento efetivo para tirá-la novamente de uma disputa majoritária.

Num jantar em homenagem ao deputado federal Carlos Veras na capital federal, o sentimento de muitos integrantes da executiva nacional é o de que a candidatura própria será fundamental para o partido, não só para fazer o contraponto ao presidente Jair Bolsonaro, como também para reaproximar o partido da sociedade e nada melhor do que uma candidatura de Marília, que já foi vereadora do Recife e tem um mandato de federal sendo a segunda mais votada do pleito.

A grande questão do PT é que o senador Humberto Costa, principal liderança do partido em Pernambuco, já sinaliza para uma aliança com o PSB em 2020, o que dificultaria muito a construção de um projeto majoritário do partido. Mas se havia um sentimento de fatura liqüidada para a aliança entre os dois partidos na capital pernambucana, os últimos movimentos colocaram em xeque esta aliança, uma vez que Marília Arraes detém hoje um prestígio significativo na executiva nacional do partido, sobretudo por ser mulher, jovem e neta de Arraes, o que lhe dá representatividade para falar para o futuro do PT em Pernambuco.

A eventual candidatura de Marília Arraes no Recife mexe diretamente com as estruturas da eleição de 2020, pois ela divide com João Campos e Túlio Gadêlha o campo de esquerda, que ficará congestionado na capital pernambucana, podendo contribuir para um remake de 2016, quanto PT e PSB protagonizaram a disputa no segundo turno. (Edmar Lyra)