Via Carlos Newton

Até agora, têm sido apenas ensaios. Cada pré-candidato tenta se posicionar e conseguir apoio, mas o quadro continua muito nebuloso. A previsão do tempo na política diz que a situação só começa a clarear após o dia 7 de abril, prazo fatal para as desincompatibilizações e também para que os parlamentares usem a chamada “janela partidária” e se filiem a outra legenda, com a qual se identifiquem melhor. Logo no primeiro dia, 15 deputados trocaram de partido. Até o final do prazo, calcula-se que dezenas de parlamentares utilizem a “janela partidária”, ajudando a dar mais transparência ao momento político.

Quando se souber quantos parlamentares estão filiados a cada um dos partidos, enfim será possível calcular o tempo exato que cada candidato terá no horário eleitoral no rádio e na televisão.

SEGUNDA FASE – Assim, somente agora será confirmado se o ministro Henrique Meirelles (PSD) e o economista Paulo Rabello de Castro (PSC) são candidatos para valer, porque terão de se desligar da Fazenda e da presidência do BNDES, respectivamente.

Com o encerramento do prazo de desincompatibilização, inicia-se a segunda fase da campanha, com o fechamento das coligações que vêm sendo negociadas há meses, mas ainda continuam sem definição. Nesta eleição, as coligações estão ficando para o final, porque ainda há dúvidas sobre a candidatura de Lula.

Embora o pré-candidato do PT já esteja atingido pela Lei da Ficha Limpa, faltando apenas o julgamento dos Embargos de Declaração (medida meramente protelatória) e a publicação do acórdão do Tribunal Regional Federal de 4ª Região, os advogados de Lula tentam manter a falsa dúvida, que acaba atrasando as coligações.

DEBATES NA TV – A filiação de parlamentares federais é fundamental para diversos candidatos de expressão, como Jair Bolsonaro (PLS), Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos) e, especialmente, Marina Silva (Rede), que precisa de mais dois deputados para ter direito a participar dos debates na TV. Se não conseguirem fechar coligações, as chances desses candidatos diminuem concretamente.

Na verdade, somente alguns partidos dispõem de espaço suficiente para uma boa campanha na TV — o MDB, o PT e o PSDB. Os demais precisam se coligar para aumentar o espaço de seus candidatos. E o mais curioso, nesta eleição, é que os partidos com maior tempo de TV estão em segundo plano na disputa, pois Alckmin (PSDB) não decola, Lula (PT) está fora e Temer (PMDB) fica adiando uma decisão que todos sabem já ter sido tomada. (PC)