David! Quando eu crescer quero ser igualzinho a você!…

Nobres leitores, hoje peço licença para prestar uma homenagem póstuma a uma pessoa que foi divisor de águas na vida da nossa família: DAVID ANDRADE DA SILVA LIMA

*11 de outubro de 1988

+ 08 de dezembro de 1993

Filho único de minha irmã primogênita: Cristiane e Pedro (irmão de Filermon).

David nos seus primeiros passos aprendendo a caminhar caía constantemente, isso fez com que levássemos ele ao médico e nesse dia começaram uma investigação até chegar ao diagnóstico, David seria portador de DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA TIPO DUCHENNE (https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/distrofia-de-duchenne/).

Encaminhado ao IMIP aos 02 anos de Idade demos início a uma odisseia. Uma equipe médica trabalhavam de forma integrada cuidando dele e da mãe, que passou a ter acompanhamento psicológico desde então, capacitando a mãe para as dores que encontraria no caminho.

Semanalmente David vivia no trecho João Alfredo – Recife, no início 03 vezes por semana, exames, biopsia, fisioterapias. Acordava muitas vezes às 3h da manhã para pegar a estrada.

David dentro de suas limitações teve uma vida normal, andava no seu mundo, com um andar até engraçado, andar duro, sem equilíbrio.

Quedas eram constantes, mas ele não desistia, levantava e ia pra vida.

Estudou na antiga Escola Criança Feliz, hoje Escola Monsenhor Jonas Menezes e Silva, através de sua amada Tia Flávia, que, com dedicação total e amor ímpar, apresentou a ele o mundo da escola, essa viagem parou no dia em que David não tinha mais forças para segurar o lápis.

Foi sua primeira derrota, com 06 ou 07 anos – salvo engano – sem entender o que acontecia chorando indagou à mãe:

– Oh Mainha! Por que não vou poder mais estudar?

Bravamente sua mãe preparava o guerreiro para aprender a travar a guerra que apenas começava. Guerra com inúmeras batalhas perdidas.

O tempo passa e a próxima derrota acontece quando no início da adolescência David já não possuía forças para andar.

Foi apresentado a ele sua mais nova e fiel companhia: a cadeira de rodas.

Mesmo assim David continuava a guerra buscando viver, alegre, feliz, brincalhão. Devoto de Nossa Senhora Aparecida, tinha um grande respeito pela religião; tinha um medo danado de pecar.

Eu como sempre fui palhaço, brincava com ele, muitas vezes com brincadeiras maliciosas e ele de imediato retrucava com sua voz esticada, como se estivesse cantando:

– “Tenha vergonha Titi Júnior, isso é pecado”!

David foi pra mim meu primeiro contato íntimo com uma pessoa mais nova; foi ao mesmo tempo meu estágio de Irmão mais novo, tio e pai.

BENÍZIO FILHO – DUY