Assembleia fará audiência pública para discutir as políticas de igualdade racial no Estado

Blog da Folha
A realização de uma audiência pública, na próxima terça (13), para discutir as políticas de igualdade racial em Pernambuco, ganhou destaque no discurso do deputado João Paulo (PCdoB). Na Reunião Plenária desta quinta (8), ele anunciou que o encontro vai abordar as políticas estaduais sobre o tema e o contexto mais geral do combate à discriminação no Brasil. O evento será virtual, às 10h, com transmissão ao vivo na TV Alepe e no canal da Assembleia no YouTube.
“Vamos debater temas como a ampliação dos organismos municipais de enfrentamento ao problema e a criação de uma delegacia especializada em crimes raciais no Estado”, avisou. “Além disso, iremos tratar de questões mais amplas, como, por exemplo, as raízes da abominável ideologia racista que tantos prejuízos tem causado ao Brasil em sua história.”
João Paulo falou da necessidade de o País “fazer uma segunda abolição, desta vez real”, comentando dados que mostram o impacto do racismo na população negra.  “No lugar de ser enfrentado, esse tipo discriminação foi algo de que as nossas elites tentaram se desviar, queimando até os arquivos do Império”, relembrou.
“É impossível não discutir o nosso passado escravagista como origem do racismo, que, aliado ao capitalismo, fez dos negros os únicos seres humanos da modernidade cuja carne virou coisa e o espírito, mercadoria”, prosseguiu o deputado, citando o filósofo camaronês Achille Mbembe.
O comunista mencionou diversas estatísticas atuais que mostram a população negra como vítima preferencial da desigualdade e da violência, inclusive na atual pandemia de Covid-19. “O povo negro é o maior alvo do genocídio: a taxa de mortalidade de pessoas negras é 81% mais alta que a de brancos”, salientou. Ele também registrou que, dos 10,6 milhões de brasileiros que dependiam unicamente do auxílio emergencial, 7,2 milhões são negros.
Em aparte, a deputada Teresa Leitão (PT) afirmou que, no Brasil, “é comum se dizer que a miscigenação resolveu tudo, e as pessoas usam essa justificativa para alegarem não serem racistas e não precisarem se tornar antirracistas”. Para a petista, racismo, machismo e homofobia estavam, até algum tempo atrás, “guardados no armário”. “Para se contrapor aos negros, mulheres e LGBTs, que se organizaram para denunciar os preconceitos estruturantes da sociedade, agora temos um presidente da República que dá voz a essa discriminação”, concluiu.