Abertura prematura pode levar a uma crise econômica mais profunda, diz ex-presidente do BC

G1

A reabertura prematura da atividade econômica em meio à pandemia do novo coronavírus e a reação ruim à crise sanitária (descoordenada e hesitante quanto ao isolamento social) deve levar o Brasil ao pior de dois mundos: um maior número de mortes por Covid-19 e uma recessão econômica mais profunda e longa.

A avaliação é do economista e ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore.

Em webminar realizado pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Pastore afirmou que a saída da crise depende de como se lida com a emergência sanitária e de como estavam as contas antes de o país ser atingido pela pandemia.

“O Brasil reagiu muito mal comparativamente com o resto do mundo. Nós hesitamos no afastamento social e fizemos ele sem coordenação. Isso nos leva ao pior de dois mundos. A recessão será maior e mais profunda e o número de mortes vai ser maior”, diz ele.

O ex-presidente do BC avalia que, se o país tivesse adotado um lockdown em abril e “achatado” a curva de casos de Covid-19, em algum ponto do segundo trimestre seria possível começar a ter uma abertura coordenada da atividade econômica.

O problema é a abertura começar a ocorrer ainda com o crescimento exponencial de casos. Além disso, dados da Fiocruz mostram que a retomada das atividades está ocorrendo em uma época de alta circulação de vírus respiratórios.