Por Paulo Haddad / O Tempo

Uma das principais mazelas da atual política econômica tem sido o empobrecimento de diversos segmentos sociais da população brasileira nos últimos três anos à medida que avança a recessão. Nesse período, a renda per capita da sociedade, em seu conjunto, diminuiu em mais de 10%. Simultaneamente, alguns grupos sociais e muitas famílias vivenciaram um rápido processo de empobrecimento, com diferentes trajetórias.

Em primeiro lugar, é preciso destacar que a pobreza admite uma escala que vai da situação de pobreza relativa até a situação de miséria.

POBREZA E MISÉRIA – No caso de pobreza menos intensa, considera-se que uma família ou um grupo social possa dispor de renda e de capital no nível de atendimento de suas necessidades básicas. Noutro extremo, estão os miseráveis e os despossuídos, que vivem numa situação de pobreza absoluta e de extrema vulnerabilidade social.

A recessão econômica gera a metamorfose do empobrecimento, conforme as perdas e os danos das famílias e dos grupos sociais que venham a ocorrer em termos de capital financeiro (poupança, aplicações financeiras, ações etc.) e não financeiro (casa própria, terra etc.) ou em termos de nível de renda real (salários, juros, lucros, aluguéis). Algumas das trajetórias dessa metamorfose podem ser observadas com frequência maior nesses anos de recessão econômica. Vejamos dois exemplos.

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