Com ou sem reforma, Planalto prevê crescimento entre 2% e 3,5%, em 2018…

Crédito: Luis Nova/Esp.

Por Vicente Nunes / Correio Braziliense

O governo está convencido de que, com ou sem reforma da Previdência, a economia vai crescer em 2018. As projeções que circulam pelo Palácio do Planalto apontam avanço entre 2% e 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Quanto maior for o crescimento econômico, acredita o presidente Michel Temer, maior será o seu cacife para negociar apoio a um dos candidatos à Presidência da República. O Planalto crê que dois concorrentes de centro disputarão o aval do peemedebista, dono da caneta mais poderosa do país. Olhando para o que se tem hoje, um deles será o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Assessores do presidente vêm vasculhando todos os indicadores econômicos para medir o potencial de Temer como articulador das eleições. Eles reconhecem que há dados animadores, como os de inflação e juros, que estão em forte queda, mas dizem que ainda é muito cedo para apostar em uma arrancada, devido ao pé no freio dos investimentos.

PROJETO AVANÇAR – Como os empresários não deram respostas aos apelos do governo — não na proporção desejada —, o Planalto resolveu lançar o projeto Avançar, que prevê gastos de R$ 42 bilhões para retomar obras públicas inacabadas. É mais do mesmo.

Para um dos principais assessores de Temer, tudo está sendo meticulosamente estudado. “O presidente não será um mero coadjuvante no processo eleitoral. Ele é impopular, ainda continuará impopular por um bom período, mas, se a economia reagir, como esperamos, a articulação para uma candidatura de centro passará, sem dúvidas, pelo aval do Planalto”, diz. Esse mesmo assessor ressalta que um dos motivos para Temer não ter jogado a toalha em relação à reforma da Previdência é evitar que uma onda de desconfiança abata o mercado financeiro e azede de vez o humor do empresariado.

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“Não estamos brincando em serviço. O nosso objetivo é construir um candidato de centro com chances de suceder Temer. E tudo indica que uma economia crescendo, com melhora na sensação de bem-estar, fará a diferença”, destaca um ministro com trânsito no Planalto.

NINGUÉM ACREDITA – No entender dele, muita gente está desprezando essa força. “Os efeitos da queda dos juros ainda não se materializaram por completo na economia. Esse impacto ficará mais claro a partir do segundo trimestre do ano que vem, quando as eleições já estarão dominando o debate”, emenda.

Se as projeções da economista Sílvia Matos, coordenadora do Boletim Macroeconômico da Fundação Getulio Vargas (FGV), estiveram corretas, o indicador econômico mais esperado pelo Planalto virá em breve. Pelos cálculos dela, os investimentos registraram crescimento de 0,4% no terceiro trimestre, interrompendo um ciclo de três anos de queda. Esse dado mostra que, depois do consumo das famílias, a retomada poderá contar com projetos de expansão da produção para ganhar mais dinamismo. Os investimentos vêm sendo puxados pelo setor de máquinas e equipamentos.

O governo sabe que, somente com a expansão do consumo das famílias, o PIB tenderá a decepcionar. Por isso, conta com os investimentos para ter o poder de fogo ampliado durante a disputa eleitoral.

CRONOGRAMA – “Temos seguido à risca nosso cronograma. Fizemos o leilão de usinas hidrelétricas, vendemos poços do pré-sal e, agora, estamos lançando o Avançar. A agenda política não interferiu nisso”, afirma um integrante da equipe econômica. “Sabemos que os investidores estrangeiros estão mais otimistas com o país. Contudo, chegará o momento de o capital brasileiro ir atrás. E estamos próximos disso”, frisa.

O mesmo técnico reconhece, no entanto, que é preciso muita cautela. Na visão dele, há um otimismo exagerado em relação à inflação, que está baixa, girando em torno de 3% ao ano. Porém, à medida que a economia for crescendo e as empresas reduzindo a capacidade ociosa, haverá pressão sobre os preços. Por isso, o Banco Central deve ser muito cauteloso no processo de corte da taxa básica de juros (Selic).

“Olhando para frente, não me parece muito seguro o BC reduzir a Selic abaixo de 7%. Vão achar uma loucura o que estou dizendo. Mas, para o governo e a segurança do crescimento, é melhor não abusar da sorte”, conclui.